domingo, 13 de novembro de 2011

O grito de Morrigam

(... ouvindo "Morrigan" do Omnia...)

Os presentes enviados pelos Deuses são realmente únicos!

Mais uma mente brilhante a cruzar meu caminho e disposta a me ajudar a puxar o primeiro fio dos nós absurdos que atam minha mente...

Mais uma tarde de amor absoluto nos braços do guerreiro, amor da minha vida...

Mais uma enchente que fulmina a minha casa com horror e tristeza...

Mais uma declaração de amor perfeita à Deusa que habita em mim com a música perfeita de uma das minhas ex-alunas mais perfeitas...

Tanto nas fúrias como nos gozos, os presentes dos Deuses são indecifráveis! Do deleite a fúria, do gozo a dor, do amor ao ódio! De um extremo ao outro, nos afinando feito cordas frouxas que somos!

Já fui associada a Morrigan mais de uma vez pelo caminho... E sou mui honrada pois esta deidade é senhora da guerra e senhora da morte. Uma Deusa de temperamento terrível e ao qual tenho a felicidade de ser associada vez ou outra por conta das fúrias que me são peculiares...

Interessante minha ex-aluna me enviar um link para uma música como esta do grupo Omnia. Mais ainda fazer isto e me dizer que se lembra de mim ao ouvi-la. E muito mais por fazer isto a beira de uma das batalhas mais difíceis do meu caminho...

Lutarei na justiça contra aquele que me agrediu, lutarei em solo legal contra aquele que tirou minha dignidade, lutarei contra a covardia de ser atacada e não ter direito de me defender contra os gritos e a insanidade de mais um covarde que cruzou o meu caminho e que com sua ignorância e perversidade terríveis me fizeram calar a voz e adoecer a mente e a alma...

Na verdade uma batalha que não é muito diferente das batalhas dos tempos da Morrigan da Irlanda antiga... Porque a despeito de hoje sermos neopagãos e termos ar condicionado, fogões a gás e chuveiros aquecidos para amenizar as temperaturas das estações... Continuamos sobre os olhos dos Deuses... Dos mesmos Deuses de outros tempos menos confortáveis...

Por isso e da mesma maneira das vezes passadas, sinto o cheiro do campo de batalha, o calor do fogo das fogueiras para aquecer os guerreiros sarcásticos, o atrito da lama fria misturada com sangue por toda a parte e o gosto pútrido da morte na boca. Ouço o corvo a grasnar no ombro direito Dela... Ouço seu grito convocando para a batalha...

E mesmo destroçada pelo mais recente combate, abatida pelo inimigo em vários níveis de consciência e de existência física e espiritual... Meu corpo simplesmente se ergue ao som do grito mais pavoroso que se pode ouvir... O grito da batalha regida pela senhora devoradora dos cadáveres mortos pela guerra...

A espada se ergue suja e sem brilho em minha mão de poder e meus olhos e cabelos ardem o fogo vermelho da guerra da mais furiosa das Deusas do panteão Celta...

Morrigan... Morrigu... Morgan... Que honra amada Deusa! Meu coração se abre em flor e fogo para que enchas o meu cálice com sangue e força, meus dentes e as dragonas de minha armadura rangem enquanto sua lança vara meu peito conclamando para a batalha...

Seu apetite faz com que os tambores da guerra explodam em meus ouvidos e eu sou toda fúria armada e pronta para lutar contigo guerreira dos longos cabelos de pólvora púrpura.

Já não há mais medo, nem loucura, nem tristeza! O sangue que lava os meus músculos e enche os meus pulmões de fogo demonstram que já não há mais nada além deste combate e me lanço em ataque total porque sei que os Deuses galopam comigo e que monto em seus divinos cavalos todos regidos por Ela!

Não há vitória...

Não há ganho...

Não há derrota...

Não há humilhação...

Nem exaltação...

Todos são valores humanos, rasos demais para os Deuses!

Só há coragem para viver isto com honra e até o fim!

Aos meus companheiros de batalha deste e de outros mundos, meus irmãos de armas minhas honradas saudações! Espada em punho!

Aos meus ancestrais, meus sinceros desejos de fazer jus ao vosso honroso legado!

Aos meus inimigos, meus respeitos mesmo que comigo não o tiveram porque não o sabem ser ou ter!

Aos leitores deste blog que não se preocupem... Que se fortaleçam em suas batalhas, pois as coisas deste mundo de preguiça, vaidade e desonra não são muito diferentes daquele mundo dos nossos sonhos...

A verdade, a honestidade, a lealdade e a honra ainda são caros de muitos de nós... E entre nós os Deuses ainda caminham na forma dos irmãos que reencontramos.

Foi um prazer reencontrá-los em meu caminho!

Espero em breve estar de volta com mais histórias para contar.

Histórias sem vitórias ou derrotas... Histórias apenas de grandes batalhas pelo que nos é mais caro e pelo que lutamos com honra não importa o quanto já nos tenham drenado as forças.

Boas batalhas e boas histórias a todos!

Porque eu já sou feliz e satisfeita com as minhas.

Abraço de guerreiro a todos!

E finalmente... ÀS ARMAS!




terça-feira, 1 de novembro de 2011

Esperando pela promessa

(Ouvindo "If god will send his angels" do U2...)

Nos dias mais difíceis, quando a tristeza se agiganta, uma das minhas antigas visualizações ganha força.

Em um determinado cantinho da minha mente - onde a imensidão azul-escura e gelada do oceano mais antigo do planeta Terra é silenciosa e aquarelada - gosto de me colocar a beira de um abismo negro que rasga o assoalho em uma fenda negra apavorante que me olha de volta tal qual Friedrich Nietzche escreveu em uma de suas mais poderosas frases:

"Quando se olha muito tempo para o abismo, ele olha para você." (Além do bem e do mal)

Enquanto meus cabelos se enrolam em minha cabeça feito algas e eu estou prestes a me deixar levar por esse olhar, tento me perguntar sempre, como última conversa com o meu self antes do salto:

O que me impediria de saltar por hoje?

Esta visualização é na verdade uma medida desesperada quando a televisão não hipnotiza, a infovia não realiza, o livro não segura, a escrita não cataliza, cantar é só lágrima e dançar é só dor.

Não dá mais para ligar para alguém porque não se suporta mais dizer de si as mesmas coisas. Ir a casa de alguém pra fazer o mesmo então... Por que?

Quem suportaria de novo?

Mais uma vez quem eu quero não pode me querer... Hoje não... Tem seu abismo para olhar também e, como eu, não gosta de companhia... Não hoje.

O que me impediria hoje?

A fantasia já me ajudou a deixar de saltar tantas vezes!

Dinheiro, posses e conquistas materiais foram alternativas fáceis que muitas vezes funcionaram e fizeram seu papel por um tempo, nos anos em que me iludi e tanto com o vil metal.

Fantasias intercaladas ou em parceria e sempre com o poderoso e imbatível amor!

Ahhhhh esse ganha de longe! A fantasia do grande e poderoso amor! Tantas vezes e a tantos oráculos atrás anunciado que me cansa só de repetir para mim mesma a promessa que nunca vi cumprida e que - sem birra e de verdade - começo a acreditar que o delírio e o medo é que acalentaram uma baita ilusão!

Mas foi gostoso acreditar que ele chegaria... Como um final de novela concertado nos últimos 5 minutos do último capítulo, logo após a protagonista ter sofrido o último quinhão da trama inteira... Ah como é boa essa piração do pódium de chegada e do prêmio pelo sofrimento acumulado com dignidade!  Como foi bom acreditar nisso! Me poupou de muitos saltos para a escuridão e me resgatou de várias tentativas.

Das outras tantas fantasias, as que incluem viagens são as que realmente satisfazem.

Já tenho vários roteiros prontos. Alguns até com detalhamento modal de transportes e estudo de custos! E assim vou deixando para saltar outro dia...

Peço ajuda, clamo pelos Deuses e seus mil nomes...

E recebo sinais belíssimos! Minha fé é sempre muito compensada, porque é tão profunda e verdadeira quanto o oceano figurativo lá do cantinho da minha mente ao qual me referi.

Porém, grande também é o meu cansaço.

Meus sistemas de fuga muitas vezes falham por excesso de uso. Por isso é bom observar o que há de novo por aí.

A internet me cansa! Os excessos de individualidade cruzaram o vulgar e o banal a tanto que sinto-me enfadada no primeiro minuto! Com raras exceções é claro!

Tenho sorte por gostar de ver filmes de novo e de novo... Mas a dor no corpo é de matar depois de algumas horas e após algumas semanas já não satisfaz mais.

Mas há uma luz ou outra vez em quando...

Pessoas que querem romper este ciclo cheio de manias vazias.

Como um casal de amigos que procura com muito esmero pela evolução espiritual fazendo uso de inúmeros artifícios incríveis e admiráveis.

Um deles é o de escrever frases em pequenas tiras de papel colorido e espalhar pela casa!

Alegres e brilhantes, as tiras apresentam frases que falam de fraquezas terríveis que todos nós temos e de novo eu fiquei encantada em ver a sequência das minhas respostas à pergunta lá da beira do abismo da mente, sob um outro formato:

- Gastos excessivos
- Ilusões contínuas
- Fugas repetidas

Adorei e escrevi a minha primeira frase em uma tira de papel, após muita análise para escolher poucas e sábias palavras. O mantra perfeito:

Abra mão do que te faz infeliz.

Boa não?

Essa seria a melhor resposta para não saltar, para nem estar lá na beira do abismo que me olha de volta, nem no fundo do oceano azul-escuro, profundo, tranquilo e aquarelado da minha tristeza.

Tenho que largar a promessa! A promessa de que o amor virá!

O amor não tem que vir. Tem que estar comigo.

Trocar a TV por poesia. O livro triste pelo livro de alegria. O texto destrutivo pelo reflexivo. O telefonema repetitivo pela conversa de outros assuntos. A ansiedade pela caligrafia. A repetição das mesmas idéias por uma caixa de lápis de cor e projetos e planos para colorir. Os pensamentos negativos por frases de cultivo de boas práticas mentais para pendurar pela casa. Chocolate por uma xícara de chá. Cigarro por incenso. Praguejos por mantras. Desespero por música. Autoflagelação por dança.

Preciso curar a minha dor.

Dor por tanto amor desperdiçado em escolhas infelizes na obsessão por estar pronta! Pronta para o pódium, como se viver fôsse um grande campenoato onde a vitória é garantia pela cota de sofrimento vivenciada com dignidade. Pelo deus galhudo senhor dos céus! Que trabalho bem feito este dos valores judaico-cristãos-ocidentais-capitalistas malditos!

Desconfio que nunca vivi, que nunca amei e que provavelmente nem cheguei perto do que realmente são essas coisas. Tamanha a nuvem de ilusão que me envolveu tão cedo no caminho e pela qual me apeguei tanto e que agora começa a se desfazer de verdade descortinando uma realidade muito mais crua e perversa do que jamais poderia imaginar.

Acima de tudo desconfio que, quando me pergunto o que me impediria de saltar hoje para o abismo escuro do meu oceano de tristeza, não sou capaz de responder algo que realmente dependesse totalmente de mim.  Simplesmente não sei o que seria fazer algo realmente por mim sem as minhas doces ilusões.

Taí uma ótima pergunta para pensar um dia inteiro!

O que eu julgo que seria fazer alguma coisa por mim? Sem devaneios com fantasias idílicas!

O que eu quero? Sem ilusões arquetípicas!

O que me faria feliz? Sem me enganar!

Se me sinto culpada quando durmo demais, quando como demais e mais ainda quando amo demais...

Nem viciada em cigarro consegui ser, mal consigo me embebedar porque durmo ou passo mal ou, pior, fico louca com duas taças de vinho apenas!

Tóxicos! Tem as questões políticas claro, mas antes de qualquer perspectiva ideológica, minha alma se enoja com a energia horrorosa que isso tem e meus Deuses interiores desdenham dessas pequenezas.

Na mente tem-se o início de tudo, dizem os tantos mais velhos que conheci.

Cultivar pensamentos!

Belíssimo!

Mas não é um cultivo! É uma guerra! A tristeza é tão doce... O fundo do oceano aquarelado escuro é tão atraente. Cair no abismo como um grão a mergulhar na imensidão escura do ventre da Terra é tão... Convidativo!

Então... O que me impediria de pular hoje?

Por hoje foi escrever este texto... E me conscientizar de que tenho que abrir mão da infelicidade de uma promessa de amor que ainda não se cumpriu, dentre outras ilusões típicas da vida dos românticos.

E você? No oceano escuro profundo onde repousa a sua tristeza...

O que te impediria de saltar?

Abraços de aquarela para todos!





terça-feira, 4 de outubro de 2011

Tome partido e vá para a guerra!

(... ouvindo "Orange Crush" do recém separado R.E.M.! Que M*!)

Pois é... Um acontecimento neste recente fim de semana me trouxe a este post de reflexão realmente necessário!

Aquela máxima da "turma do deixa disso" conhecida como:  "Religião e política não se discute", poderia ser considerada um anagrama salvo algumas inversões, retiradas e acréscimos de palavras para ser reescrita como: "Discuta religião e política e prepare-se!".

Tomei a minha dose de surpresas variadas com um post ácido que resolvi fazer em uma rede de relacionamento internáutica.

Aliás, ainda estou me surpreendendo 72 horas depois do início desta pantomima e, conforme prometido - e já cobrado, aí vai um post sobre o assunto!

Só para contextualizar o assunto foi um dos quadros do programa da apresentadora Xuxa, exibido nas tardes de sábado pela Rede Globo.

A apresentadora fez uma homenagem ao ano novo judaico e cantou em conjunto com um grupo de crianças uma música sagrada deste rito de passagem milenar em língua nativa. Naturalmente o cone de energia que a canção sagrada e tradicional ergueu foi espetacular, culminando com as crianças em círculo e a apresentadora no centro.

Eu, que rodava os canais caçando alguma coisa interessante parei e fui assistindo. Adoro expressões de amor e religiosidade não importa a cultura, egrégora ou panteão a qual pertençam. Em minha opinião todos são caminhos para o divino, assim como o caminho que escolhi. Como é de meu costume e sensibilidade me emocionei.

Foi então que, para o meu espanto, a apresentadora finaliza o cone energético, o ponto alto da música, a entrega final da energia captada de uma homenagem a um rito sagrado judaico com um sinal pagão feito com a mão direita.

Não quero discutir aqui se a intenção foi mostrar o "chifrinho do heavy metal", os "chifres do Deus Cornífero", o "sinal hindu de proteção" ou outras interpretações e variações existentes para o famoso sinal dos dedos indicador e mindinho pra cima. O que quero discutir é a incompatibilidade da mistura de símbolos religiosos que me deixou indignada e me impulsionou a ir a rede internáutica expressar o meu descontentamento logo em seguida!

Para mim foi uma manifestação legítima! Tanto a dela quanto a minha, democracia é isso! Liberdade de expressão!

Um mondegente escreve e performa cada idiotice com erros de português sofríveis, vulgaridades e expõe banalidades, individualismos enfadonhos e piadinhas particulares sem sentido porque não têm coragem de ir direto ao ponto ou a quem na mídia!

Tantas celebridades midiáticas cometem suicídio linguístico e tantas não celebridades geram desejos homicidas pela tamanha bobajada que escrevem e apresentam por aí, ué, é claro que a apresentadora símbolo da cultura de massa nacional pode fazer isso em horário de pico de audiência. Assim como eu também posso dizer o que eu penso a respeito. Fui lá, derramei toda a minha taça da fúria e me senti muito bem, obrigada!

Porém... Nos minutos seguintes houve uma reação que ainda hoje não parou! Muita gente começou a se expressar, não só na rede social internáutica onde lancei o comentário, mas ao telefone aqui de casa, na minha caixa de e-mails e nas visitas aos meus blogs que subiram consideravelmente, novamente, agradecida!

Gente que eu não conhecia, gente que eu conhecia, amigos antigos e muitas surpresas que me deixaram extasiada.

E é claro, vieram as críticas! Mais do que natural, saudável!

Porém em poucos minutos a coisa mudou e quando vi estava mediando um pequeno conflito que surgiu de repente e que acabou por me deixar exausta e quase desistindo de me expressar dessa forma novamente.

A meu ver cultura e religião tem seus pontos de intersecção e seus pontos de separação que, caso não sejam abordados com o devido cuidado, podem se transformar em uma sensibilidade do tipo bomba relógio! Creio que o início do conflito se deu ao navegarmos pelo tênue limite entre esses pontos - eu e os participantes do post. Tic tac tic tac!

Vejo a cultura de nosso país como plenamente capaz de absorver manifestações culturais simples como a culinária mais comum, a exemplo do cachorro quente estado unidense, transformando em um "prato de comida", e acho esta habilidade incrível!

Não é privilégio nosso fundir coisas, adoro um documentário sobre os trens a vapor britânicos serem reverenciados como Deuses na Índia!

O sincretismo religioso faz misturas incríveis entre panteões de várias religiões e demonstra assim influências de vários povos, suas culturas e religiões na formação de identidades culturais. Claro! Herança colonial, multipluralismo cultural, globalização! Manifestações culturais estudadas por muita gente por aí, aparecendo aos montes nas revistas e nos programas de tv relacionados.

Até aqui tudo certo. Concordo com aqueles que se expressaram a favor do episódio da tv de sábado seguindo esta linha.

Mas preciso pontuar que o que é sagrado é singular! E o que é sagrado para outros povos então deve ser ainda respeitado como mais sagrado ainda porque são valores de um povo que teve outra história! Há um motivo antigo para isto! Se a finalização da apresentação fôsse a mesma em uma homenagem ao Ramadã, ao Hanamatsuri ou a Corpus Christi eu me expressaria com fúria e do mesmo modo.

Creio que o que faz com que esse tipo de apresentação seja veiculada pela televisão sem nenhum cuidado é o espírito de "cabeça vazia" que aparenta ser predominante na maioria das pessoas que têm na televisão o maior ou o único agente de integração social que conhecem. O termo "cabeça vazia" foi um dos termos que ouvi entre as conversas das pessoas que me contactaram ao longo do conflito gerado pelo post.

Uma opinião "cabeça vazia", de acordo com o que conversamos, seria a opinião das pessoas que defendem que a intenção da referida apresentadora foi apenas de trazer um pouco de religiosidade e variação cultural. Absolutamente inofensivo, por tanto e bacana por apresentar diferenças culturais e fusões de valores.

Concordo também! De fato foi uma boa tentativa de apresentar um bloco mais original dentro de um programa que vai dos joguinhos sem graça expondo atores ao ridículo até concursos com oportunidades interessantes para outras manifestações artísticas. Tudo uma baita mistura e legítima cópia dos canais estrangeiros - claro que fui até o site e fiz uma investigação pra poder falar - mas até aí tudo bem! Quem não copia hoje em dia? Raro!

Mas daí a finalizar uma homenagem de rito sagrado de uma religião com o símbolo de outra, ou no caso, outras é, para mim não ter noção de valor e respeito pela história, cultura e religião dos povos envolvidos.

Me indignou ver aquilo na televisão, mas o que me indignou ainda mais foi ver ataques pessoais, pregações religiosas e ofensas na discussão que aconteceu entre os participantes dos desdobramentos do meu bendito post.

Não acredito que leitura resolva isto e nem a "iluminação de Deus", como foi citado nos ataques que acabaram por desviar do assunto totalmente, chegando ao banal e ao lugar comum, justamente o que eu estava tentando combater ao trazer o assunto a tona no meio do marasmo das expressões típicas de internet.

Acho que é preciso muito mais do que leitura e preces para evitar o que aconteceu ali. Foi absolutamente frustrante e, naquele momento, praguejei bastante! Bastante mesmo!

"Quero é mais que façam uma missa católica culminando com uma hecatombe pagã ao estilo dos romanos antigos! Tragam-me mil bois bem chifrudos por favor!"

"Que tal um Ano novo chinês culminando com as orações a Alá do final do dia?"

"Vamos ser exóticos e originais! Vamos misturar coisas dos outros e chamar atenção fazendo algo diferente! Que tal um dia Sabbat de bruxas terminando com uma sessão de passe cardecista!"

Juro que tive vontade de escrever todas essas coisas! Mas... Controlar o ímpeto é importante para resgatar o assunto e a intenção que me levaram a me manifestar, certo? Usei apenas o termo atropelo original e tentei me acalmar.

Quando o riso histérico já estava quase silenciado, respirei fundo e olhei de novo na tela, onde já pipocavam outras manifestações.

Antigos amigos de faculdade! Muito queridos! Me cumprimentando por estar causando na rede!

Ex-alunos fazendo declarações de amor intelectual emocionantes!

Amigos do tempo do colegial, melhor dizendo, do século do colegial (atual ensino médio!) me lembrando que querendo marcar um reencontro!

E uma declaração muito especial de alguém muito especial que me tirou do chão até agora!

Ah que beleza! Isso resolve! Melhor que a leitura e a prece!

A fúria passou! Apaziguei a briga e fui feliz da vida receber os amigos que, no meio do calor da discussão na tela do computador, tiveram a feliz idéia de vir me visitar, dividir comida chinesa e assistir ao Rock'n Rio na televisão!

A boa e velha tendência ao equilíbrio chegou e trouxe harmonia, uma agenda cheia de encontros e reencontros para a semana e muitas visitas aos meus blogs!

Quanto aos atacantes, atacados, mortos e feridos. Não se preocupem! Ter uma opinião formada e ter a coragem de lançá-la é um ato de guerra, meus queridos! Nem sempre o final é feliz como foi para mim neste episódio que acabo de narrar e, provavelmente, alguém se machucou e/ou se frustrou no tiroteio. Peço que traga para si o seguinte:

Melhor ter uma opinião e ter coragem de ir para a arena por ela do que morrer sem abrir a boca, sem nunca ter se expressado, como gado em vagão de trem tangido no berrante e marcado no ferro quente!

Reforce as falhas na idéia que expressou, mude, aprimore e vá pra guerra de novo!

Get you're orange crush, como na canção do R.E.M!

E por falar no bom e velho! Viva o System of a Down que arregaçou em show homérico naquela noite culminando com uma estocadinha do vocalista Serj Tankian sobre as questões indígenas versus a tecnologia no Brasil e com o "chifrinho heavy metal" do guitarrista Daron Malakian.

Aos que usam o seu poder midiático para causas importantes e com respeito aos povos e culturas no contexto certo: Os Louros!

Bons solos de cabelo roqueiros, combates internáuticos e crushed oranges a todos!

sábado, 6 de agosto de 2011

A cela do destino

Após tantas e longas reflexões sobre o que posso chamar de meu caminho espiritual e dado o momento atual ser bastante propício, me atrevo a tocar nesse assunto tabu e clichê "do caramba", iniciando com uma das idéias relacionadas: O Livre Arbítrio. Trata-se de um conceito que transcende religiões.
Mesmo em seus dogmas mais terríveis e em suas variações mais fundamentalistas, as religiões aparentemente estão em acordo: a alma tem o direito a escolha. O que difere é que uma vez feita e - muito provavelmente a "burrada" consumada - como será paga a conta!
Recordo-me deste assunto ter sido abordado por aqui algumas vezes ao longo dos anos deste blog.
E como também gosto de frisar - sou aquariana, logo, rebelde às regras e sentenças. Logo vez em quando minhas fúrias galopam por aqui, como alguns posts já demonstraram!
Uma das situações em que procuro suavizar a rebeldia, a carga dramática de falar sobre destino, sobre o direito de escolha do caminho a ser seguido e a paga pelos erros é quando leio cartas de tarot.
Ao interpretar este tipo de oráculo, é dever frisar ao consulente de que a interpretação feita na leitura não é fechada. Para isto deve-se fazer uso de expressões adequadas como: "há uma forte inclinação", "uma forte possibilidade", "grandes chances", "o cenário colabora" e outros cuidados.
A idéia central é a de que nada é irrevogável e que tudo passa pela interpretação, entendimento, desejo e escolha.
Porém, com o passar de todos esses anos e enganos, tenho a percepção que a despeito de toda essa aparência de liberdade que nos é dada, de alguma forma a sequência dos acontecimentos nos traz exatamente para o lugar onde "devemos" estar. Temos a ilusão de termos o controle absoluto, mas trata-se de uma ilusão passageira. Logo os velhos fantasmas, as antigas dúvidas aparecem novamente e somos postos a prova outra vez a despeito de todos os nossos esforços para provarmos o contrário.
O velho golpe do destino para os fatalistas! A inteligência perversa dos Deuses para os pagãos!
Às vezes leva um pouco mais de tempo para percebermos a sutileza com que este mecanismo funciona... E em outras é confuso perceber em que momento deixou de ser a nossa decisão e passamos a apenas fazer o que foi previsto pela força maior... Todas as possibilidades se misturam e batemos o pé gritando que temos o controle de nossa vida e de nossas escolhas... Passamos muitos anos insistindo nisso. Muitos de nós passam a vida inteira! Vidas inteiras, para os crentes na reencarnação!
Eu escolhi estar onde estou hoje, todas as escolhas foram minhas! Passei por cima de escolhas de outras pessoas, de seus sonhos e dos meus próprios até! Ignorei pedidos dos que me amavam e/ou dos que diziam que me amavam e fiz só o que eu queria. Me martirizei porque eu queria. Fiz pessoas sofrerem por que quis. Me vitimizei porque eu queria. Fiz com que outros sofressem por meu querer. Muitas vezes tive oportunidade de escolher parar de sofrer, parar de fazer sofrer, mudar de curso, transformar completamente o meu jeito de ser, declarar independência dessa vida que decidi viver com romantismo excessivo e altruísmo.
Mas eu não o fiz. Eu me atei a causas perdidas por anos da minha vida, por puro medo de tomar uma decisão pela mudança. 
E quando vi a mesma sequência de coisas se repetindo, os mesmos fantasmas e dúvidas surgindo, ri de minha própria tragédia. Tentei enfrentar achei que fôsse a batalha da minha vida! Fui com unhas e dentes. Mas não consegui. O medo venceu de novo. Me coloquei no mesmo papel de vítima de tantas outras vezes e carreguei um fardo enorme em mais uma cena shakespeareana versão latino-americana!
Até que meus deuses interiores - aqueles que o verdadeiro paganismo te ensina a crer que habitam dentro de você - me chacoalharam: "Tem certeza de que este é o único caminho?"
Vozes em coro sacudiram as paredes do meu corpo, da minha alma, do meu ser! Todas as faces da Deusa e do Deus que habitam em mim responderam alto e claro o sonoro "Não!"
Não precisa ser assim! Não tem que ser uma sentença! Não tenho que me matar! Como se não houvesse uma chance, uma oportunidade, uma escolha!
É neste momento que a inteligência superior se mostra muito maior na forma dos ensinamentos mais antigos do caminho mágico:
A escolha está no que foi pedido, se é sabido o que pedir,
No que é dado, se é sabido como interpretar,
E no que é aceito, se for de sua vontade!
Se não souberes pedir, desastre!
Se não souberes interpretar, erro!
Se não for de sua vontade! Liberte-se!
Seus demônios te encontrarão de novo em outra senda!
Não é preciso morrer nesta queda em que está agora! Nada é circunscrito ou fechado!
Todos temos sim o direito de escolha! Mas nossas escolhas são um perfil típico, ocidental, capitalista, judaico-cristão maldito! Por mais que tentemos nos livrar desse jugo cultural acabamos retornando ao mesmo lugar achando que foi castigo (também com um perfil quádruplo desses!).
Eu escolhi viver! Com saúde! Me refazer! Interpretar melhor, entender melhor, desejar melhor e finalmente escolher melhor!
Isto é, creio eu, viver com competência!
É não aceitar a ofensa, a agressão, a humilhação, calada por medo de reagir, por não querer lutar, pela exaustão, pela paixão pela martirização como se esta trouxesse alguma compensação!
Por tantos anos humilhada, enganada, exposta por uma lista infindável de covardes!
E sei que muitos conhecem essas histórias! Toda essa papagaiada de bullying é só uma reação tardia aos horrores praticados a muito mais tempo do que se imagina!
Eu sei o que é o silêncio dos que se calam quando houvem os gritos no banheiro da escola, o que é a ameaça velada te fazendo tremer de medo de perder o salário miserável que recebe, eu sei o que é ouvir alguém desonrando sua família, sua crença, seu sexo, seu caráter e ninguém, nem o mais metido a valentão, abrir a boca por temer perder a sua condição de explorado tanto ou mais do que você!
Ah eu sei muito bem o que é deixar o corpo mole e esperar pararem de te bater, fazer cara de paisagem e concordar com tudo até pararem de gritar com você, esperar que vão embora e não dizer nada apenas calar e se distanciar até que desistam de te procurar só pra aproveitar-se de sua fraqueza mais um pouquinho...
Sei também que o apoio desaparece, que todos partem, mudam de idéia, fecham os olhos, mudam de assunto, esfriam o olhar e a voz. Dizem que você enlouqueceu, que confundiu as coisas, que exagerou, que podia ter aguentado um pouco mais!
Deveras mazelas de latino-américa, quem pega em armas perde a razão, quem reage perde o argumento, ser de paz é calar, é consentir, é esperar acalmar... blá-blá-blá...
Eu entendo a todos! Sei o que é viver com medo! Mas sei também que não tem perdão! Pois como para mim a lei do eterno retorno veio para eles também virá ao sabor do sopro dos Deuses é claro! E, se pelas estranhas voltas da roda da espiral da vida, vierem me pedir ajuda verão em meus olhos a coragem que não tiveram para comigo!
Esta é a história de uma vida inteira de ataques e da amargura pela vontade de reagir engolida por anos a fio!
A história de alguém que se cansou de ser atacada e calar-se por acreditar que seria incapaz de sentir fúria em nome da cultura da passividade e da subserviência latino-americana. Alguém que tanto ouviu e disse terminologias clichê do tipo:
"A vida é assim mesmo!"
"Fazer o quê?"
"Paciência!"
E finalmente reagiu:
"Você não pode ser cruel com quem te apóia!"
"Você não vai mais me calar pela humilhação!"
"Esta é a minha fúria! E eu tenho direito a ela!"
Chega de ser uma vítima do destino... Esse é a minha escolha! Este é o arbítrio livre que quero para mim!
Quero lutar pela defesa da minha honra! Basta de viver me arrastando novamente nas mãos de mais um covarde que, como todos os covardes que se prezam, me identificou como uma depositária de suas frustrações e rapidamente me fez cativa por ver meu medo e minha incapacidade de reagir!
Mais um covarde que por se achar inteligente o suficiente para me subjugar se fazendo de mestre achando que eu não percebia a verdade, me achando fraca o suficiente para iniciar mais um ciclo de exploração absurda e sem limites à me levar ao martírio extremo!
Finalmente eu quero fazer a escolha que adiei por tanto tempo e a tantos covardes atrás...
Seja qualquer outra escolha que eu venha a fazer, sou livre! O Destino não é sentença! Repito tudo isto mais uma vez neste texto libertador da cela do destino!
Reforço que mesmo sendo livre e fazendo o que sempre quís, as escolhas acabaram me levando a mesma encruzilhada que minha alma tanto temia e com a carga das tintas um pouco mais forte. Bem mais forte!
Mas eu também me fortaleci na fúria dos Deuses que habitam em mim!
Estou pronta! Pode vir!
Abraço e boas escolhas e encruzilhadas a todos!

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Todas e nenhuma (Feliz dia dos namorados!)

Mais um fim de semana se aproxima rapidamente!


Provavelmente o mais frio de todos até agora, neste inverno que os Deuses sopram, impulsionam e apressam antes do solstício e que os dias curtos e as noites longas chegam antes da hora.


O Deus galopa para o submundo e seus galhos triscam do chão gélido ao céu enquanto ele abana a cabeça para a morte e o sacrifício certos...


A Deusa abandonada contempla mais um inverno a erguer seus braços gelados para envolvê-la no abraço da solidão e da morte que ela conhece tão bem...


Mais uma vez o amor agoniza dentro do meu peito.


Mais um fim de semana!


Mais um e-mail de despedida do meu amado!


Com um acréscimo de uma boca amarga... Que me dá algum deleite... Mas que ainda é uma despedida de final de semana...


Os outros amantes já me procuram afogueados, mas eu os descarto.


Quem eu quero me descartou... Com a boca amarga, com a mente relutante... Mas me descartou...


E eu lamento nos braços frios da noite pelo amor que não é meu!


As cartas me negam respostas! Os Deuses já estão cansados de me avisar dos riscos, das surpresas, dos segredos e dos perigos de uma história tão intensa!


Os amigos me negam conselhos! Seus olhares já falam do pior que já está por vir e que não tem coragem de anunciar!


Só me resta a solidão gélida da morte do inverno... Porque o meu Deus partiu!


Ah como eu queria ser aquela para quem ele corre agora!


Como eu queria ter seu coração nos finais de semana também!


Ser aquela por quem ele corre pela noite fria, aquela para com quem ele vai ter nos dias de descanso...


Aquela com quem ele vara da noite ao dia e do dia para a noite...


Aquela com quem ele passa os dias de família, de costume e de cultura...


Sou a "menina que ele quer proteger" ele diz, mas não sou aquela com quem ele fica nas noites mais terríveis para os solitários como eu!


Em meu trono solitário na floresta azul e fria, vejo orgulhosa a partida do Deus...


Sei que ele tem que morrer para que nós possamos viver a longa noite que já nos afaga...


Mas não deixo de lamentar mais uma história de amor e de sacrifício... Sem retorno... Sem esperança... Sem compensação... Sem vitória... E muito provavelmente sem final feliz...


Ela é a vencedora!


É com ela que ele fica mais tempo, mais vezes e nos momentos mais importantes...


Para mim restam somente alguns momentos felizes e longas noites de solidão e agonia... Nos braços da longa noite do inverno!


Esta é quem eu sou... Queria tanto ser a outra!


Melhor dizendo sou a outra... Queria tanto ser a única...


Mas não há a única... Nem ela nem eu somos...


O único é ele!


Espero que ele saiba o que fazer com tanto poder!


Sei que esta é a história de muita gente!


Por isso a divido dessa forma, no fim de semana mais difícil para nós... As outras...


Um riso de escárnio escárnio escorre pelos meus lábios sedentos pelos beijos que não terei neste final de semana terrível!


Será mesmo que nós as outras gostariamos mesmo de ser a "uma"?


Se eu fosse a "uma" e soubesse que meu namorado me trai com uma mulher como eu, eu suportaria esta dor?


Ou sendo eu a submissa procuraria me fingir de morta para continuar tendo o privilégio dos finais de semana e das prioridades tradicionais?


Será que é isso que ela faz?


As mulheres são muito inteligentes! Todas elas!


Muito provavelmente ela espera que eu seja mais uma história passageira!


Sabendo que o meu desejo é que ela seja a passagem que o levará para mim!


E ele... Ah quanto prazer, dúvida e dor deve sentir! A masculinidade absoluta variando da agonia ao êxtase entre dois amores...


Ele sabe que não suportarei por muito tempo.


E que ela não vai desistir, nem tornar nada mais fácil!


A posição dele deve ser a cada dia mais difícil!


Talvez seja essa a nossa vantagem sobre ele... Nós duas sabemos o que queremos!


Ele não pode saber, nem escolher, pois teme que com a escolha possa perder algo do qual se arrependa!


Sim... Ele é quem sofre mais... Enlouquecendo de tanto fornecer energia e prazer para suprir duas mulheres e sabe-se o que ou quem mais... Ele é quem sucumbirá a fadiga cedo ou tarde!




E nós esperamos por este dia...


Ansiosamente!


Eu, a outra, ela a uma e todas as outras!




Minhas sinceras considerações a todas as outras! Meus respeitos pela coragem de não se enganarem! De saberem exatamente quem são e o que querem!




Queremos ser todas!


Todas e nenhuma!










terça-feira, 17 de maio de 2011

Mais um eterno retorno sem fim novamente...

Vagando em mais um aeoroporto...





Em mais uma viagem sem escala, sem conexão, sem perspectiva!





Decido passear e ver o que é oferecido aos condenados como eu a ficar presos em aeroportos fora da cidade, sujeitos à cadeiras horríveis, falta de plugs para recarregar celular e/ou notebook, falta de um restaurante decente, falta de um serviço de internet adequado, cubículos de toilete que não deixam entrar com a bagagem sem um mínimo de combate ferrenho...





Que vidinha quase nada!





Vou ver as lojas, rir freneticamente dos preços absurdos, caçoar dos produtos fakes ditos "regionais", com preços galáticos e me divertir com um amontoado de coisas de que não preciso e que já não me realizo mais em comprar. As perguntas "pra quê preciso disso?" e "isso é necessário agora?" geralmente dão conta de tudo!





Bem depois de me deleitar com uma série de outras coisas que gostaria, mas não posso comprar, me dirigi ao único lugar com preços não tão loucos. Um lugar onde os produtos não requerem um manequim minúsculo (cada um tem o pp, p, m, g, gg e eg que merece, certo?)!

Um lugar onde gente "fora de esquadro" como eu pode circular sem sofrer olhares de repulsa e falas do tipo "não tem nada para vc aqui senhora!" ditas com aquela entonação de voz que me faz ter vontade de ouvir um som de nariz se quebrando no soco!


Que lugar é esse?
A Revistaria e Livraria é claro!





Mal atravesso a porta já começo a me divertir! Os mais vendidos estão na prateleira bem a frente! Com títulos pitorescos:





"Deixe os homens aos seus pés"


"Porque os homens adoram mulheres poderosas"


"Romeu e Julieta Vampiros"





Não me aguentei e ri sapeca, dando seguimento à minha diversão plástica porção única de avião. Fui para a prateleira de revistas "femininas":





"Teste: Descubra o poder da mulher que já existe em vc!"


"Fulana de tal (atriz), quartenta e seis anos e quase zen!"


"Ciclano de tal (ator), bate em mulher e ainda faz sucesso!"





Outro risinho sapeca um pouquinho mais prolongado.





Talvez haja mais diversões na prateleira de auto ajuda:





"Nunca deixe de sonhar"





Ops! Pausa!





"Alguém me disse alguma coisa sobre isso recentemente." - lembro-me depois, durante o café após o almoço (mais outro produto single portion para viagem), quando já preenchia ávida o caderninho de notas registrando as bases para este post.





Foi minha irmã quem disse algo relacionado a deixar e aos sonhos.

Minha irmã, aquela mulher que investiu todo o seu tempo e energia em seu casamento e em sua família. Durante mais de 10 anos ela se dedicou ao seu único amor, abandonando a si própria e vendo tudo desperdiçado pela força do metalismo e agora o persegue acreditando que só assim está correndo atrás do atraso.





"Vc me ensinou a sonhar!" - ela me disse!





Realmente tocante!


Eu que sonhei a vida inteira e era chamada de "menina no mundo da lua!", tive minha maior característica elogiada pela pessoa mais crítica que conheço sobre gente como eu! Minha irmã sempre foi o meu negativo! Buscou sempre a mão oposta à minha! Não estudou, casou, largou o trabalho pra cuidar de casa, marido e cachorro. Teve uma filha que é uma pestinha maravilhosa que ela não cansa de mimar e brigar. Totalmente contra na mão da "mulher super poderosa e independente" aqui que "tem todos os homens aos seus pés a adorando feito vampiros em um romeu e julieta de meia idade" (kkkkkkkkkkkkkkkkk)!





Nos reencontramos então eu e ela, vindo de caminhos opostos, mas com a mesma questão! Sonhando a beira (no meu caso já) dos quartenta anos de idade!





Não seria tempo de aceitar a realidade e parar com isso?





As frases vão pipocando na cabeça fervente.

Um estagiário da empresa onde trabalho, do alto de seu torço malhado de academia me disse que eu deveria emagrecer para ficar irresistível pois para quarenta anos eu estava "enxutona"!





kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk





Adorei!





Mas não consigo mais sonhar... Ultimamente só tenho delirado!





Com a insanidade que é trabalhar com o meu chefe!


Com o casaco que não comprei porque tá longe de me servir, a pesar de ser EG!


Com previsões de quando será o novo final do meu novo velho caso "o eterno retorno sem fim novamente..."!





Sonhar não!





Não faço isso a alguns anos...





Sonhar em ser uma escritora de sucesso e ser convidada para Festas Literárias no Mundo todo e ter meu próprio programa de TV do tipo documentário... sksksksksksksk!





Sonhar em ter minha bandinha de rock e blues e fazer shows na quinta feira em um inferninho qualquer.





Sonhar em dirigir meu maverick negro com estofados cor de marfim atravessando o estado para mais um encontro único de mais um romance tórrido!





Caminhar na praia sob a luz da lua cheia de roupa branca perfeita e impecável!





Meu chalé na montanha, com lareira de fogo crepitante, um bom livro pra ler, outro pra escrever e um abraço forte na madrugada me tentando pra largar tudo!
















Meu casamento pagão descalça no jardim!

Já faz um tempo que não sonho com essas coisas...





Será que me convenci de que estou liquidada?





Mas até a minha irmã que é um culto aberto a negatividade disse que está aprendendo comigo?





Será que vamos seguir na mão contrária? Ela irá para o mundo da lua e eu para o pântano da tristeza do filme "The never ending story"?





Por que tanto sofrer? Por que tudo tem que ser uma baita lamúria? Reconheço a razão dos meus principais críticos... Isso é desnecessário!





Mas como cultivar alegria e destreinar uma mente treinada a sempre achar algo pelo qual se preocupar?





Imagine transformar toda essa energia de retração em impulsão! Girar a chave e projetar para cima toda a força que nos faz recolher, culpar, recuar? Tudo isso pra fora, pra frente e exteriorizar! Parar de sofrer e triunfar finalmente!





O maior de todos os triunfos! O triunfo sobre mim mesma! Sobre o meu medo de viver!





Posso começar pelo mais dourado de todos! Ser escritora!


Mas para ser escritora de sucesso preciso achar um ponto multiplicador de riqueza!


Qual seria?


Verifico os maiores sucessos literários a venda do momento: Bruxas, Vampiros, Autoconfiança para mulheres... Já tem quem escreva isso! Tá tudo lá na livraria do aeroporto!





Tenho que encontrar o que ainda não foi dito!





Isso é que é pesquisa!





Lembro-me da origem deste blog, hoje com alguns anos e alguns textos lidos em vários países!





Penso no que nos une... As saudosas da adolescência, as ultraromânticas vampirescas, as inseguras... As que apanham do homem e são quase zen... O que nos une?





Uma única resposta vem a mente como um raio!





Sizígia!

sábado, 30 de abril de 2011

Fúria Urbana

Caminhando pela Avenida Paulista.





Com a fúria na altura das antenas de transmissão, atropelo todas as energias que encontro em meu caminho!





Praguejo, grito, rio, choro!





Paquero, mostro a língua, dou um beijo de repente um qualquer que me olha atraído pela beleza das fúrias que estão comigo! A galera toda do bar grita!





Quando ele começa a corresponder vou embora!





A galera toda vaia!





Meu companheiro de caminhada fica extasiado!





Não sinto nada, só a fúria a me devorar os fluidos da mente até os ossos!





Percebo que estou no lugar certo e a hora não podia ser melhor! A noite cinzenta de outono e de fuligem cai rápida sobre a cidade , carros enlouquecidos, pessoas com roupas de lojinha que parcela em 15 vezes roupinha de executivo, estudantes de faculdade, estudantes de cursinho, tatuados, skatistas, gays, lésbicas. Todos com um olhar altivo incertos do que querem, mas certos do que precisam aparentar! Rio deliciosamente! "A mesma coisa! Vinte anos depois a mesma coisa!"





Sim estou no lugar certo porque estou na contra mão de todos eles, esbarro encaro, rio da cara. Carrego nos olhos apertados e no sorriso debochado a raiva de quem sabe o que quer mas que não consegue porque o mundo é povoado de gente como eles!





Covardes! Todos! Tão empenhados em aparentar o que na real não sustentam por mais do que uma hora! Exatamente aquela uma hora que levei para atropelar tudo para atravessar a avenida Paulista no início da noite. Tudo é passageiro no mundo pós-moderno globalizado multimídia última versão super tecno business just int time! Porque é isso que permite às pessoas sairem de cena assim que a máscara começar a cair e a verdade decepcionante começar a aparecer! Tudo é um show instantâneo! Várias palavras inteligentes para mascarar mais uma farsa! Não há nada de novo! Nada de revolucionário! É o velho blefe disfarçado com uma fachada super power high tech!





A maior de todas as farsas!





Debaixo de toda a fachada de pessoas livres, independentes, criativas e donas de seus destinos está a grande verdade! A maior de todas! Tudo o que mais querem é alguém a quem pertencer! Tudo o que mais querem é algo do qual fazer parte! É sucumbir ao amor, à preguiça, à ignorância, à alienação e à acomodação.





Todos farsantes!





Eu já fui um deles!





E hoje ando na contra-mão de todo esse discurso falso do se amar, se gostar, se valorizar e assumir a verdade sobre o que quero: amar, gostar, valorizar quem sabe de toda essa farsa e não tem vergonha de admitir que precisa das mesmas coisas vindas de mim!





Fúria total pela calçada da avenida Paulista!





Gargalhada total de toda aquela encenação gigantesca!





Choro louco, beijo enlouquecido no cair de mais uma noite na cidade!





Fúria de quem é honesta consigo mesma, com o que sente e quer e que portanto tem todo o direito à fúria sagrada a ir e voltar pela mais conhecida de todas as avenidas da cidade até se acalmar e voltar para casa na madrugada ainda com fogo nos pulmões e palavrões em gaélico nos lábios, mas satisfeita em ser única e ter o direito a ela! Até que alguém apareça e me prove o contrário!





Beijos furiosos a todos!

sábado, 23 de abril de 2011

Dan y dwr galwaf i (Reflexões sob um jardim prateado parte III

Mais uma vez do gaélico antigo: Sob as águas eu chamo você!





Os magos dizem que só os descentrados enlouquecem com a lua cheia... Devo ser o exemplo perfeito disso... Tudo o que sei é que enlouqueço a várias madrugadas a contemplar o véu de prata a cair sob meu jardim!





Tentei a meditação, a visualização, a música, a dança, o vinho! Nada adianta! Ele continua aqui a me desesperar!





Ele próprio o amor!





Love himself!





Gariad ei hun!





Insuportável, angustiante, ansioso, doloroso e incontrolável!





Nem meus amantes suportam!





Disparam pela rua alucinados! Me deixando com os músculos ainda faiscando no asfalto! Rindo feito louca!





Não protesto mais, se nem eu me suporto, como eles suportariam?





Novamente choro e danço louca pela madrugada sob a luz da Lua e lanço o desafio aos Deuses! "Que venha aquele que suportará e ficará!"





Por debaixo de toda a couraça de uma mulher livre, independente e forte, bate um coração desesperado pela paixão que a fará cair de joelhos suplicando para que seja tomada!





Ou será tudo uma grande farsa? O feminino, o feminismo, o amor a independência e a liberdade?





Tudo uma grande piada dos Deuses que se riem de nós enquanto sacrificamos um pelo outro e pelo outro e pelo outro, escolhendo o que acreditamos ser felicidade e nos atirando num mar de ansiedade da qual nunca sairemos porque fizemos escolhas erradas! Porque todas as escolhas estão erradas! As bases estão erradas! Tudo não passa de uma grande farsa!





Imagine que tragédia! Tantas noites ao luar alucinada, pedindo por algo que não existe, um truque, um engano!





Tantos livros!





Tantas canções!





Tantos filmes!





Tantos textos, poemas e romances!





Por uma grande mentira! A maior falácia de todas!





A racionalidade me faz gargalhar de mim mesma!





Porque ainda assim ele está aqui com seu olhar desesperado me trazendo a mesma dor ao peito com sua voz que enfeitiça em meus ouvidos com as loucuras que ainda farei por ele...





Ele mesmo!





Love himself!





Gariad ei hun!





Dan y dwr galwaf i!

terça-feira, 19 de abril de 2011

Athas ar mo chrói go deo! (Reflexões sob um jardim prateado Parte II)

Do gaélico antigo: Alegria em meu coração eternamente!





Seguem as noites solitárias sob o luar em meu jardim prateado.





Longas e gélidas, solitárias e meditativas.





Saudades do que não me lembro absolutamente, mas que ouço no crepitar das fogueiras astráis.





Sabor de vinho na boca, perfume de ervas nas narinas, toque da madeira sagrada nas mãos e terra sob os pés.





Música pagãs nos ouvidos e outra vez o corpo se solta bailando doido pela madrugada!





Transes lunáticos!





Sentir falta de uma existência que hoje é uma das partes de vc em meio a um mundo material e tedioso é de fazer a alma adoecer. Tantas vezes tentei recriar essas épocas festivas!





Fracassei em todas elas!





As brigas, as rupturas, a vaidade e o ciúme a destruir tudo.





Hoje vivo a época mais solitária que já pude experimentar. Dolorosa, bem verdade, mas única. Para tantos esforços em vão, o cansaço encontra no silêncio e na solitude um pouco de paz! Uma paz que poucas vezes experimentei em parceria com a chance de novas sintonias com outras realidades.





No jardim prateado respiro fundo e volto a sorrir realizada por ter este privilégio.





Danço e canto até a exaustão e sento-me em minha cama a suspirar e continuar olhando para esta beleza infinita do luar sob as flores, sob os galhos das frutíferas, sob as folhas das ervas e suspiro os desejos de sempre... Novamente o cálice do meu peito transborda e o líquido róseo e cálido se derrama por toda a parte!





Tanto amor dentro de uma única mulher!





Tantas lágrimas e pedidos sob a luz do luar a tantos anos, sonhando com o dia em que os Deuses me atenderão as súplicas de amor!





E trarão a cura para todos os males que me atormentam o corpo, o coração, a mente e a alma!





O amor tem que vencer! É por essa esperança que ainda me ergo do mar de ternura do meu quarto cercado pelo amor dos encantados do meu jardim!





Por mim ficaria aqui, neste pedaço do paraíso na terra, como muitos já disseram, para o resto da minha vida! Lendo, escrevendo, estudando magia, como contam os livros sobre as sacerdotisas de Avalon!





Mas há que se viver certo? E com a vida as agrouras! As dores! Os fardos! O aprendizado!





Então vamos às armas das lutas diárias, contra a mediocridade, o metalismo, o egoísmo e tantos ismos terríveis que tentam a toda tirar a força de minha vontade!





Segue a minha busca pelo amor, pela compaixão, pela sinceridade, pela bondade, pela honra!





Seguem as minhas preces para que os Deuses! Que me ouçam aqui neste jardim, sob este luar, sob os olhos dos verdadeiros amigos e companheiros dos tantos mundos que cá comigo vem ter, dançar e conversar!





Segue o meu pedido desesperado:





Que a alegria volte para o meu coração eternamente!

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Ri Na Cruinne (Reflexões sob um Jardim Prateado parte I)

Do galês, Rei do Mundo. Uma expressão que me enche o peito quando a ouço na música do grupo Clannad, durante as longas madrugadas cotemplando o jardim de minha casa sob a luz da Lua. Sentir o chamado da vida na forma da mão do Rei do Mundo estendida para você e ver a eterna pergunta expressa claramente em seu olhar é uma experiência pagã que torna a respiração dolorida, deixa os olhos ardidos e a boca seca. A eterna pergunta que não cala nunca: "O você quer?" Responder a uma pergunta desse tipo não é tarefa simples. Principalmente se é o Rei do Mundo quem te pergunta. E quem é o Rei do Mundo? (para quem já não está aguentando mais de curiosidade) O Cristo para os cristãos, Buda para os budistas, Merlim para os magos celtas. Enfim, a grande inspiração para o caminho! Quando o meu Rei do Mundo toma forma em minhas preces e ritos, seus olhos são morteiros ao fazer a bendita pergunta, porque ele já sabe a resposta! E é claro que ele sabe! Afinal ele lê a minha alma! E, é claro também para todos os que prestam atenção, afinal ela está estampada em mim! "Eu quero viver um grande amor!" Tão cafona, tão singelo e tão poderoso ao mesmo tempo! E extremamente complicado, obviamente! O amor entre os guerreiros sempre foi muito difícil, que dirá nesses dias de saída de Netuno de Aquário e de passagem de Hades por Capricórnio! Mesmo porque as batalhas dos nossos terríveis dias não são mais uma guerra aberta como em outros tempos, quando os inimigos se olhavam nos olhos em campo de batalha. Os combates de nossos dias se dão na mente e os inimigos estão em toda a parte, inclusive dentro de nós mesmos. Os campos de batalha não são tão abertos e claros e até na hierarquia dos planetas estão querendo mexer. Quanto horror a matar o amor! No trabalho, na família, entre os amigos! O amor morre a duros golpes de horror como o dinheiro, o interesse, a vaidade e a mediocridade. Por isso deixei de pedir. Me calei perante ao Rei do Mundo, pois cansei de me decepcionar. As batalhas são frustrantes tamanha a mediocridade dos propósitos dos oponentes e os inimigos são indignos de serem chamados de guerreiros pela baixeza de seus motivos e armas para guerrear. Alguns irmãos de armas ainda resistem e os Deuses em seu bom humor me permitem encontrar um ou outro, vez ou outra. São na maioria solitários, cansados e cheios de mágoas como eu, a ponto de não acreditarem em nada nem em ninguém, para evitar a repetição de decepções. Conheço alguns valorosos que na primeira oferta de seus respectivos Reis do Mundo, e apresentaram a mesma resposta que eu, tiveram e agarraram seus grandes amores! Estão firmes e invejáveis em seus relacionamentos. Mas são tão poucos! Raros como pequenas estrelas no céu poluído da cidade, quase sumindo na fuligem da infidelidade, da vulgaridade e do egoísmo extremo das pessoas que se consomem e se jogam fora reinantes por toda a parte! E o meu grande amor? Ah o meu grande amor se transformou em uma quimera! Pois o grande guerreiro que por toda a vida eu esperei para cavalgar a meu lado se transformou em um mero personagem. Um desses que se constrói em um jogo de RPG, constituído e alimentado a anos por uma garotinha que era acusada de "viver no mundo da lua". Hoje mulher feita, me desfazendo com a sutileza do tempo, sou uma guerreira do Sol e da Lua, solitária e por mim mesma e mais ninguém! Cheia de medos, encaro o horizonte com as sombras dos amantes covardes a passarem por mim e a levar mais um naco do meu coração que vai endurecendo e escurecendo a cada inverno. Com as últimas luzes se apagando lentamente enquanto sussurram: "Não fuja de mim!" "Não minta para mim!" "Não traia a minha confiança!" "Não se esconda de mim!" "Não me tenha temor!" "Como todos os guerreiros que tanto admiramos, encare a maior batalha de todas de cabeça erguida a me olhar no fundo dos olhos!" A maior batalha de todas é o amor! Pois então te espero mais uma vez Ri Na Cruinne, como todas as noites, em meu jardim prateado pela Lua quase cheia novamente! Sim! Meu coração partido vai ficar cheio outra vez pelo seu amor e me estenderás a mão com teus olhos de faca a me fazer a eterna pergunta que não se cala e eu irei ter contigo sem mais nada responder porque a resposta foi calada no fundo de mim, enquanto os encantados sempre entoam a mesma canção... Love bob amser yn ennill! O amor sempre vence!

Que o amor vença e nos salve a todos!


domingo, 13 de março de 2011

O Femino no Nervo do Sistema (Feliz Dia das Mulheres Masculinas e Femininas!)

Quando nos são exigidas atitudes masculinas para golpear o sistema, nós feminas titubeamos!

Toda essa conversa de mulher no século XXI me faz tremer até os ossos!

Até quando atitudes harmônicas esperadas do feminino serão consideradas fragilidade inútil e atitudes agressivas esperadas do masculino serão consideradas estupidez desnecessária por conveniência, apenas para ganhar tempo?

O que querem dessa mulher está sempre em caixas fechadas? Boa e tola, Má e traiçoeira? Os monstros que habitam o interior das pessoas são os mesmos não importa o sexo ou a preferência sexual. Para cada Lúcifer há uma Lilith e eles vão se manifestar pois são muito bem alimentados todo o dia pelo sistema!

Criada na fábrica de meninas boazinhas tenho minhas fases e luto para arrebentar com uma picareta gigante o belo trabalho de subjulgamento e benevolência bem estaqueado nos treinamentos mais profundos no ceio do cristianismo católico mais conservador!

Doze anos de neopaganismo ainda são pouco para remodelar tão profunda lapidação!

E a fera está aqui! Louca pra sair e degolar a todos os que querem tanto brigar, querem tanto ver arder, querem tanto descompôr e desestabilizar tudo o que aparentemente harmônico e equilibrado no pêndulo perfeito e natural do masculino e do feminino deste mundo!

São os agentes trabalhadores do nervo central do sistema! E como são excelentes! Gastam telefone para te atormentar na sua casa, desperdiçam tempo escrevendo e-mails que rosnam na sua caixa de entrada, derramam energia com reuniões que consomem e atormentam e fazem cair a produtividade de todos com tanta tensão extraordinariamente bem plantada na cabeça das pessoas.

O sistema é fantástico! Absorve tudo! Até o mais feminino! As musas do carnaval admitem em público que não sabem sambar! Exibem suas coxas de paralelepipedo de tão retilíneas e masculinas e o rebolado frenético que é absolutamente o oposto das antecessoras passistas do morro, tão cheias de curvas e graças que quase não se vê mais! A mulher tem que ser lisa, retilínea com traços germânicos e nomes cheios de consoantes, pouco importa se mexe ou não as cadeiras, o importante não é a graça do movimento harmônico, tem que ser é chocante, exuberante, direto, agressivo, rápido, instantâneo. Nem as próprias aguentam! Caem, se estabacam nos palcos, na avenida e em toda a parte de tanto que correm para ser o que o sistema quer que elas sejam!

Não há espaço para o feminino frágil e sentimental, esse tipo de personagem é esmagado até pelas novelas que mais insistem nos velhos clichês de fuga da "realidade", até que a heroína tem que aprender a arrancar pedaços de seus oponentes! É o nervo do sistema que se abre diante de nós todos os dias! Não há tempo para chorar mulher! Rosne, avance e trucide seus inimigos!

Dia da mulher? Milhares de anos de mundo masculino! Até as amazonas para se impôr tiveram que criar uma sociedade masculinizada... Será que foi isso mesmo? No desenho da mulher maravilha conta-se que sim! O roteirista é homem (mas é claro!). Pausa para gargalhadas masculinas!

O poder da criação, da feminilidade, da delicadeza, da harmonização fica para o final do dia em algum momento entre as 12 horas de trabalho, a academia de ginástica e a última olhadinha na internet antes de dormir. Um afago nos cabelos da filha adormecida no sofá! Uma ída ao parquinho do shopping no final de semana, quem sabe se economizar dinheiro do cabeleleiro!

Os maridos ficam perdidos com mulheres que não conseguem cumprir tantos papéis e acabam se tornando masculinas, chefes de família neuróticas, enlouquecendo os filhos com suas frustrações pessoais masculinas e femininas!

Alguns homens não suportam ver essa independência e matam suas mulheres com requintes de crueldade que lembram meus estudos do Talião mesopotâmeo dos tempos mais barbarizantes da história do oriente próximo hoje tão distante. Tantos milhares de anos se passaram e a ordem ainda precisa da força para se fazer valer. Tudo tão retilínio, um masculino brutal.

Como se os homens não soubessem o que é doçura.
Como se as mulhere não soubessem dar a estocada fatal com meia dúzia de palavras ou até menos!

O nervo do sistema não tem sexo! É possível sentí-lo nos olhos e na atitude dos colegas de trabalho, na alfinetada dos falsos amigos, na ironia venenosa dos familiares, no e-mail frio do amante vingativo enviado de madrugada para mostrar que ele também te traiu... Fazer parte desse sistema é estar pronto para a guerra toda a hora. É estar em armas todo o tempo! É sonhar com ele e acordar de madrugada pulando para a máquina e contemplar sua face estampada na rede telemática!

É o riso contido quando vemos o inimigo do momento sendo devorado, sabendo que quando a boca da fatalidade virar para nós ele é quem rirá e que tudo pode ser, inclusive, na mesma semana!

É a gargalhada escancarada quando vemos a mesma mulher que tripudiou ao desgraçar a concorrente sofrer o mesmo ataque fatal anos depois ou semanas depois e não perceber o que aconteceu! Pior, fingir que não percebeu só para conseguir manter a relação picante por um pouco mais antes do sofrimento insuportável e irreversível chegar!

O nervo do sistema não tem pudor, nem vergonha, nem dó, muito menos compaixão! Vai te devorar bem devoradinho e não vai perdoar se for esquecido ou se fugir dele! Ele está em toda a parte. Ele é o calafrio que te dá a eterna sensação de que esqueceu alguma coisa muito importante! Ele vem de madrugada te lembrar que estamos todos vivos: femininos e masculinos dispostos em homens e mulheres! Por mais que nos guardemos ou que possamos nos esconder dele ele nos encontrará nos machucará e nos lembrará disso!

A mais delicada feminia se transformará em fera ou será presa fácil!
O mais gentil dos homens terá seu coração devorado e passará a ser um consumidor de mulheres!

São as faces da realidade da mulher do século XXI que me fazem tremer tanto assim e sentir saudades do tempo em que podia ser romântica e me entregar a morbidez do sonho. Não consigo mais sonhar! Meus momentos femininos são comigo mesma à frente ao espelho, dançando louca pela casa de madrugada, consumida pela solidão e pela ansiedade de não poder mais ser feminina por não conseguir conviver com a chacota que trarei para mim se o fizer!

É a luta constante para me defender dos predadores que me querem a cabeça, a energia ou o resto!

É a dolorosa metamorfose de deixar a fera sair estilhaçando o peito e me matando de uma vez por todas para sair desgovernada pelo mundo matando a todos de fúria!

É o que o nervo do sistema me pede todos os dias! É o que cintila nos olhos dos Deuses todos os dias! É o que vejo nos olhos das mulheres que me procuram desesperadas com o mesmo problema todos os dias!

"Como me transformar no que me convenceram ser coisa de homem e de gente "má" por toda a minha vida?"

Uma resposta é certa:

Não há como retornar! Ou seremos devoradas ou devoraremos tudo e todos!

O que também é certo é que ficaremos sós nos dois casos, pois nenhum homem, nenhum amigo, nenhuma família aguenta tanto uma quanto a outra full time!

As perguntas são muitas e sem resposta certa:

Que horas ser qual?
Estamos decididas a suportar o retorno de todas essas ações desencadeadas?
Suportaremos quando todos virarem as costas?
Queremos mesmo pagar um preço tão alto por uma vitória tão fugaz até o próximo ataque?
Qual dor queremos mais?
Qual dor escolheremos?

Feliz dia das mulheres para todas as mulheres que lerem isto! Celebrem a maior batalha que o nosso sexo já assistiu desde Atlântida, Lemúria, Avalon e o Eldorado das Amazonas qualquer que tenha sido!

Feliz dia das mulheres para todos os homens que se fascinam com o universo feminino! Somos gratas por alguns de vocês ainda tentarem nos acompanhar!

terça-feira, 8 de março de 2011

Olhos vidrados

Os olhos vidrados do meu amante a contemplar o céu estrelado me recordaram de ter visto esta expressão mais de uma vez ao longo do caminho da busca pelo amor.



Fiquei menos exigente com os anos... Mais atenta aos sinais do desgaste e do fim das histórias cada vez mais lépidos!



Afinal ele sempre está lá, no momento esperado... Aquele olhar vidrado, logo após o êxtase absoluto da paixão extasiante, quando o calor ainda está pulsando eletricidade pelo corpo mas o gatilho da mente se fecha para abafar o fogo dos músculos!



Um ponto médio entre a loucura dos amantes e o frio cálculo do momento certo de romper os laços da carne e do coração.



O apego é inevitável, porém maior deve ser a força de rompê-lo, uma vez que ser o primeiro a dizer que é preciso, demonstra vitória aparente no combate, o eterno combate contra qualquer tipo de envolvimento, típico de boa parte dos relacionamentos voláteis de nosso tempo.



Aprendi a esperar por esse momento e me preparar para ele com muito custo! E contemplo com um leve sorriso os olhos vidrados de mais um amante, preparando-me para concordar rapidamente com a sua decisão e facilitar as coisas para a partida dele e para direcionar o meu desapego.



É melhor assim, afinal meus sonhos românticos precisam ser preservados para me manter viva! Caso o contrário continuarei morrendo de amor com escolhas ruins. Preciso guardar a preciosidade do meu amor para aquele que terá coragem de me olhar nos olhos e dizer que quer ficar.



Incrível, aos 40 anos ainda ter essa fantasia, mas... Quem sabe eu tenha sorte!



Entre tantos amantes, namorados, amigos e familiares que não se cansam de me decepcionar com seus olhos vidrados a pensar no quanto são mais importantes do que eu ou qualquer outra pessoa ou idéia neste mundo do culto máximo à individualidade, talvez os Deuses me permitam, pela legitimidade da minha crença no amor por ele mesmo que eu finalmente o mereça.



Enquanto o campeão escolhido pelos Deuses não aparece vou seguindo com o que aparece, afinal, como diz um dos poucos grandes amigos que restam e que passa pelo mesmo nas terras cariocas... "É o que tem pra hoje, certo?" Nunca no meu ultraromantismo passado eu teria aceitado isso! Eu o chamaria de menor, medíocre, menos, meia vida. Mas hoje com o corpo o, o coração e a mente cheios de marcas de amor e desilusão, penso que é melhor viver as metades ou o menos que a vida nos oferece do que o nada.



A solidão full time é coisa para profissionais, nem sempre é possível adorar ficar só! Dizer não e bancar a heroína banindo a tudo e a todos os que me ferem, foi espetacular por muitos anos. Mas a quantidade de perdas e decepções é tão grande que ao me ver tão triste e infeliz e à beira novamento dos penhascos da depressão, talvez seja melhor rever algumas possibilidades, não?



Algumas já foram pra lista dos "no more!", claro! Tenha dó com tanto surto psicótico e infantilidade. Tenho um péssimo gosto por pessoas é verdade, mas ter que carregá-los nas costas é demais até pra minha dramaticidade mexicana!



Outras possibilidades até merecem uma chance, outras não mas ainda tolero para amortecer a dor... A dor de que sempre será assim! Os olhos vidrados sempre aparecem e é preciso coragem para abafar a dor no peito e esfriar o sangue para dizer até mais ver!



Os olhos vidrados do meu amante então e finalmente me fazem sorrir e graciosamente lhe dizer que concordo, já é hora de ir. Ele se vai depressa e até tenta disfarçar tentando deixar alguma possiblidade de retorno. Dou de ombros e continuo sorrindo dizendo que tanto faz e ele sorri porque já sabe que tudo não passa de uma imensa farsa e finalmente parte.



E meus olhos vidram sonhando com o dia em que o amor sorrirá para mim e para todos os que ainda acreditam nele!



Boas buscas para todos!

sábado, 5 de fevereiro de 2011

"Por que me odeias se nunca te fiz bem algum?" (sotaque lusitano por favor!)

Frase contundente!

Confesso que quando eu a ouvi, em uma reflexão filosófica com um grande amigo (coisa rara nesses tempos: o amigo e o tipo de conversa claro!), fiquei em choque por alguns segundos quanto a palavra esperada para o final da sentença e o que aparece de fato.

Daí o estalo!

Está certo! Para muita gente é isso mesmo! Fazer o bem é investimento com retorno certo! Para tantos outros, muitas vezes as mesmas pessoas, é o pesadêlo de ter que devolver a gentileza, que transforma o relacionamento em um verdadeiro inferno!

A velha história de usar a palavra "obrigado" e as reflexões a respeito: Por que utilizar uma palavra derivada de obrigação para demonstrar gratidão?

A maioria dos relacionamentos acabam quando essa situação se configura. Os namorados brigam, os casamentos entram em crise, os amantes desaparecem, os amigos esfriam ou então se transformam em verdadeiros vampiros energéticos em um ciclo vicioso que termina fatalmente em brigas e adeus!

Fui viciada nessas relações perversas por muito tempo. Hoje, tempos de fachina, não sinto o mínimo remorso em dizer que baní pessoas e histórias desse tipo, gerando evidentemente muito ódio por ter feito o que eu achava que era o tal do "bem" para elas.

E é claro que elas só tinham mais é que me odiar! Absolutamente natural! Afinal, se o bem que eu achava que fazia virou dívida para elas... Como pagar? Rs! O riso me vem sem remorso também. E desisti de me fazer entender, privilégio de não ser mais professora.

Peço perdão a quem de fato magoei. Isso sim!

Mas aos que perveteram a amizade e o bem que eu achei que havia feito, repudío.

Ás brigas com os namorados, lamento; pelo casamento que se estilhaçou peço perdão todos os dias; aos amantes que fugiram parabenizo, aos amigos que esfriaram agradeço.

E rápido e certo como este post me despeço, afinal, falar o menos possível nessas situações é a mellhor coisa a fazer.

Boas reflexões!

PS.: Gentileza, continuamos procurando (eu e meu amado amigo e companheiro de profundas reflexões filosóficas), o autor desta frase brilhante. Reforçamos o pedido de sotaque lusitano sempre ao dizer para alguém e sabemos apenas que se trata de ditado luso. Quem descobrir o autor, gentileza informar! lix.amazona@terra.com.br Grata!