domingo, 4 de março de 2012

A Balada da Morte e Ressurreição do Amor ((( Post semana anterior ao carnaval )))

"... ouvindo C'est La Vie de Emerson, Lake and Palmer ..."




Meu amado!

Meu Deus!

Meu homem!

Mais uma vez me deixaste!

Agora alças outros vôos, por sobre outras serras e estradas florestadas.

Corres livre, precioso a sorrir porque me amas...

Mas amas mais a ti mesmo e ao teu caminho!

Tua preciosa liberdade!

E neste tempo em que estiveres fora, serei apenas uma memória deliciosa, uma promessa de um retorno feliz.

Em breve tocarás outras peles, terás outros prazeres.

Prazeres que neste momento do meu caminho não posso te dar.

Pois sou só mais uma das tuas amantes.

Talvez um pouquinho mais especial que as outras tantas...

Talvez não.

Se for, sei que esta condição se dá somente nos momentos em que nos vemos e do preço alto a ser pago por isto!

Seja na visita daquele dia da semana entre uma viagem e outra.

Quem sabe na visita de mais uma tarde entre um boteco com os amigos e outro.

Ou então talvez na visita rápida daquela manhã antes de correres para tuas batalhas...

Às vezes é tão difícil meu amor! 

Todos os dias ter que matá-la na alvorada seguinte a tua partida...

Ela! A bailarina... A donzela... A princesa... A prometida... A portadora da taça que transborda de tanto amor...

Aquela que de tão enraizada é difícil de extirpar!

Ela a louca do sobrado antigo, lá na rua da vovó que sai nua na rua assustando a criançada porque alguém deixou a porta aberta.

Ela sai sai bailando enrolada na cortina de voal da sala... Cantando canções de amor...

Friamente todas as madrugadas, executo-a gritando para que ela me ouça em seus derradeiros instantes!

Grito que não és o salvador dela...

És apenas mais um que vai devorar o corpo dela, o coração dela e tirar mais um pouquinho da sanidade mental que resta a ela...

Eu sou aquela que mata o amor e contempla a cada alvorada o amor morto ao meu lado!

E ele me contempla de volta nos olhos estáticos e negros daquele corpo caído em minha cama

Arremato meu grande feito a cada e-mail, desejando que te divirtas quando me dizes que voltarás de viagem somente no final do verão.

A cada telefonema elogiando tuas estrepolias boêmias e insinuando que sou livre e que tenho outras histórias também.

Mais um pouquinho fingindo não perceber quando conversamos e deixas escapar um detalhe que questiona toda a história que contaste a pouco.

E assim... O amor vai morrendo...

De pouco em pouco...

A sereia morre... Golpeada pela mulher de armadura do quadro de Bosch!

O sonho morre... Estraçalhado pela lança do destino de ser mulher nos anos frios, superficiais e secos do século XXI.

E a guerreira, de armadura e sabre em riste se ergue vitoriosa, com os cabelos longos e selvagens ao vento e o olhar no horizonte.

Se vangloriando falsa, sínica e estérica por executar a outra mais uma vez!

Fingindo-se aliviada, brada aos céus de chumbo!

EU SOU A VITORIOSA!

SÓ HÁ ESPAÇO PARA MIM!

O AMOR MORREU!

EU O MATEI E MATAREI MAIS MIL VEZES SE FOR NECESSÁRIO!

POIS ESTE MUNDO É DOS BRAVOS DE CORAÇÃO NEGRO!

E EU MOSTRAREI AO MUNDO QUE EU SOU UM DELES!

NEM QUE TENHA QUE MATAR UMA SEREIA, UMA PRINCESA, UMA PROMETIDA, UMA BAILARINA E ENTORNAR A TAÇA TRANSBORDANTE DO DOCE AMOR TODOS OS DIAS PARA PROVAR ISSO!

E o clamor tão poderoso da guerreira faz os Deuses se enfurecerem e em raios fulminantes lançarem o amor de volta atingindo-a em cheio em seu coração e sua mente.

Porque ele nunca morreu.

Porque o amor sempre esteve lá! Só se transformou no que foi necessário para viver um pouco mais.

Tem outro formato e outro nome agora...

Amor Ressurreto!

Bons amores para todos!