quinta-feira, 14 de julho de 2016

Fibrilando

ouvindo "Fever" com "The Black Keys"

https://www.youtube.com/watch?v=iZZUY32iCzU

Tambores nos ouvidos!

Tímpanos no corpo a transpirar mares de sal!

Braços, pernas, quadris, bunda, costas e cabelos serpenteiam na cama alucinadamente em uma coreografia louca e desvairada!

Na cama, a orquestra pulsa, os olhos saltam ardem, a boca derrama imprecações, palavrões e pragas!

Os desejos se confundem com os delírios na febre das febres! O riso se funde às lágrimas, o desejo da morte grita entrelaçado ao fulgor pela vida!

"Deixe-me viver! Deixe-me viver!" o riso explode da garganta pustulenta e o sangue voa pelo ar com a secreção abjeta sob a pele quente, amarelada e molhada.

Já não há mais ódio, nem amor, nem desejo, nem silêncio, nem barulho, nem dor, nem êxtase! Só a febre! Só a febre a devorar músculos, ossos, pele e pelos. tudo pulsa e pulsa absolutamente aos espasmos da dor! O sangue flui quente pelas veias e artérias com 2.500 leucócitos em disparada pelo corpo... Já não há mais nada que ameace, que tire as certezas, nada que faça temer ou encoraje, nada que a dor não tenha consumido, nada que os remédios já não tenham alienado, nada que os bolsos vazios e o olhar perdido do dono da farmácia esperando que a terrível verdade seja dita não tenham previsto.

Não há mais dor!

Nem sofrer!

Nem medo de ameaças veladas ou não veladas pela tela do celular!

Nem medo de quem não responde a pedidos de socorro, mas é sempre socorrido quando pede!

O abandono está aqui sentado ao lado da cama com os olhos perdidos no horizonte!

Seu silêncio e meio sorriso escorre fel pelos cantos da boca silenciosa, quase morta!

A febre é tudo isso! O desencanto pela vida é tudo isso! A doença é tudo isso!

A doença é o amor negado, desprezado, ignorado depois de dado ao seu máximo!

O desespero de mais uma vez ver todo o esforço e dedicação e amor se transformarem em um gigantesco nada, sozinha, outra vez, sem respostas, sem acolhida, sem carinho depois de tanto dar toma conta absolutamente! Não há mais como enganar, nem mentir pra si mesmo!

O corpo sucumbe e já não há mais nada!

Nada a não ser se entregar e rezar, para que termine logo e que a lição finalmente seja aprendida desta vez e o corpo indisciplinado aprenda o que a mente juvenil não ouve, nem escuta, nem absorve!

Não há ninguém!

Na pior das horas!

Não há ninguém!

Só você e o olhar de faca dos deuses a tremular nas ondas de calor de seu próprio corpo pagador dos seus erros em escolher errado! Escolhas erradas, oportunidades erradas, pessoas erradas, sentimentos errados, tudo errado em toda a parte!

E tudo se confirma nos olhos deles sempre! O pajé, o cacique, a maga, o cafajeste, a falsa, a oportunista e o aproveitador! Todos são faces dos Deuses! TODOS! E todos dizem o mesmo! TODOS ELES!

"Morra bem (desta vez)! Caso o contrário nem sua morte será útil!"

Bons delírios para todos!

domingo, 10 de julho de 2016

Parar de sentir?

ouvindo "Acrobat" do U2

https://www.youtube.com/watch?v=NHa1ThS9avA


Você pode interromper a minha fala.

Você pode me tachar com alguma frase feita.

Você pode se apoderar de toda a minha história e condenar-me a uma sentença com meras 4 palavras. Quatro sílabas! Cinco talvez!

Esse é o poder da fala imposta, do monólogo, do pronunciamento, da autoridade, do monopólio da voz... Forças que calaram outras vontades por milhares de anos não vão sumir assim... Claro! Juvenil da parte de quem acredita que uma coisa anula a outra porque apenas "é" ou está!

Mas e as outras forças?

As que falaram por milhares de anos antes da sua?

As que existiam por milhares de anos antes da palavra escrita? Antes da restrição do acesso à palavra escrita? Antes da restrição do acesso ao conhecimento?

Nos tempos em que a lei não era escrita, tempos em que apenas um olhar bastava. Sabia-se no coração o erro, o mal aos outros, a covardia, o uso inapropriado da força e da autoridade... Autoridade! O inverno era a autoridade! A morte era o calar! Essas eram as forças verdadeiras! Nunca foi preciso escrever sobre elas ou tomar a fala delas! Elas falavam por si mesmas e ninguém ousava ser seus interlocutores! Era desnecessário! Sem utilidade! Mais do mesmo! Já eram! Já estavam lá! Se faziam presentes naturalmente a milhares de anos! Uma simplicidade milenar já intrínseca e inata!

Tempos em que a sensibilidade governava os povos e seu viver, o sentir se fazia apenas por ouvir as vozes sagradas! A voz do vento para os barcos, das nuvens para as tempestades, a voz do sol e estrelas para o dia e a voz da lua e estrelas para a noite, a voz das estações do ano para a terra, plantar os víveres e estocar para sobreviver ao inverno! Essa era a grande batalha onde os vencedores seriam todos!

A voz da alegria das crianças, a voz da alegria das agricultoras, da alegria dos guerreiros, da alegria dos velhos, da alegria dos caçadores, da alegria das curandeiras e da alegria dos conselheiros anciãos.

Suas tristezas, suas dores, seus pesares, seus medos.

Sentir era a lei! Sentir o eco desta voz dentro de si e simplesmente saber o que era correto para todos! Desnecessário ensinar! O saber estava posto para todos! Uma memória de 17.000 mil anos antes da primeira autoridade exigir a saída da caverna... 17.000 mil na contagem da história escrita! Rs!

Essa memória também não se calou, muito pelo contrário! A cada discurso autoritário que se faz, segundos após seu término esse sentir se ergue, poderoso como uma onda logo após o terremoto, mas em resposta a tamanha afronta à vontade de todos! É um calar quente! Poderoso! Um brilho ardoroso em milhares de olhos que viram mais uma vez a tentativa de controle explícita! O pré julgar de alguém que acredita que sua vontade pode prevalecer à vontade dos outros! A imposição mata no coração de todos a vontade de seguir por aquele caminho, pois se sabe que quem tomou a palavra, tomou a razão e a razão não nasceu para ser tomada e sim conquistada por todos pois só assim o saber será humano! Um saber de todos! Sem controle de ninguém! Espontâneo como a chuva, como sempre fomos quando apenas humanos, sem bandeiras, nomes ou classificações para nossas vontades!

Sonho com a volta desse saber! Sem rótulos! Sem julgamentos! Sem rótulos para encobrir uma derrota amarga! Sem nomes para fantasiar uma vitória incipiente! Apenas o prevalecer de uma ideia de bem comum, sem título, herói ou heroína apenas um caminho para a felicidade de todos e não para a oportunidade de mais um usurpar dos sonhos dos outros e ser apenas mais um!

Acredito que vivemos assim por centenas de milhares de anos até o primeiro autoritário se achar dono do caminho e das soluções para todos os outros e acredito também que para este espírito voltaremos quando estivermos prontos!

Até lá me ataque com suas palavras rotuladas!

Aponte em mim as falhas que acreditas que vês tão bem porque também as tem!

Eu não me importo!

Autoritarismo ou não o tempo é o maior dos Deuses e a ele presto minha reverência absoluta!

Certa de que a intenção real vencerá!

E venceremos todos! Todos os que lutam por algo mais que um nome ou cinco segundos de fama em uma tela de computador ou de celular! Venceremos todos os que lutam pela verdadeira cura efetiva de todas as dores do mundo!

O amor!

Boas reflexões amorosas para todos!