terça-feira, 22 de março de 2016

Um Único Disparo

... ouvindo 60 Feet Tall, "The Dead Weather"

https://www.youtube.com/watch?v=rfenJiS5NV4


Há pequenos prazeres que podem ser aplicados como metáfora para vários momentos da vida.

Como por exemplo, o Tiro.

Sofre preconceitos terríveis essa arte - preconceitos e taxações bem típicos desta época: julgado por efeitos específicos que pode gerar; acusado de consequências de seu uso inconsequente; ojeriza dos que se dizem "pacíficos"; despertador mecânico do ódio dos que se auto proclamam "pacificadores".

Poucos sabem que o Brasil é um dos maiores campeões olímpicos de Tiro.

Menos ainda que Tiro é esporte.

E ainda menos que Tiro disciplina, traz conhecimentos de músculos e nervos que você nem imaginava que tinha e afia a precisão visual e mental, sem falar no prazer fálico incomensurável (Freud expica, digo explica...)

Contra um alvo de papel! Por favor  (((((((((((( sem surtos ou ataques por favor )))))))))))))))))) !!!

Adoro a série de cinema - porque também é coisa desta época achar que série, só de televisão - Máquina Mortífera! Tenho paixão pela relação que Roger Murtaugh (o belíssimo ator Danny Glover) e Martin Riggs (o incomparável e yammyyyyy ator Mel Gibson), tem com a arte do Tiro.

Rog faz um alongamento de pescoço que é invejável - certamente deslocaria o meu se eu tentasse - aponta sua Colt 45 clássica e acerta um tiro "na mosca" tanto no alvo de papel - treinando da delegacia de polícia - quanto em alvo móvel e cheio de fúria, contra o bandidão da vez em Máquina Mortífera 1.

Riggs faz uma festa, é uma metralhadora em forma de homem (awwwww), cospe fogo com as duas mãos portando Magnuns 45 com pentes de 12 tiros que chegam a 16 (hahahahahhhh), deitando no chão e girando feito um cilindro "and still shouting"! Ele faz dois olhinhos e um sorriso transformando o tiro "na mosca" de Rog no alvo de papel da delegacia em uma carinha muito fofinha! Sempre rio com gosto ao ver a cara do Rog! (muuuuuuuitos risos!) Mesmo que pela milionésima ducentésima setuagésima terceira vez em que vejo o filme nas madrugadas insones.

Se não viram esse filme desculpem-me pelo spoiler! O filme tem mais de 30 anos! Faça-me o favor de resolver isso!!!

Gostaria que viver fosse assim! Atirar para as Olimpíadas ou para o cinema. Várias oportunidades, várias etapas de seleção, várias classificações, campeonatos, patrocinadores, chances, tempo para treinar, refazer cenas, perder o bandidão e voltar a perder de novo e mais uma vez perder para pega-lo somente em um final eletrizante cheio de projéteis (fala "bala" para um militar que ele te mostra uma coisa pra ch*... Esquece!), voando para todo o lado, todos culminando com alguma explosão absurda que corôa o grande final "hollywoodiano" típico mas que não importa mais, as cenas anteriores já te deixaram satisfeito.

Mas não é assim.

Viver não é assim.

Há momentos na vida em que não haverá outra chance.

Você só tem um disparo!

Só tem um disparo!

Tem um disparo!

Um!

Um único disparo!

Não que vá morrer ou o bandidão vai te pegar ou só nos próximos jogos olímpicos daqui a 4 anos, mas se errar... As perdas serão muitas e consideráveis. O pagamento será alto e custará caro.

Tudo por causa desse um e único disparo!

Dá pra imaginar a tensão disso?

Não tem plano B, nem C, nem D!

Não tem pra onde correr!

Não tem segunda opção, terceira opção para assinalar na ficha de inscrição...

Nem desculpa esfarrapada ou dificuldades reais!

Pouco importa!

É um tiro só que se tem direito a disparar!

E só há um projétil na câmara!

Só uma flecha na aljava!

Só uma pedra no estilingue!

Tem data e hora marcada!

E é esperado e desejado a anos e anos e anos!

Anos que foram dedicados totalmente ao treino, anos que nem tanto, anos que o treino foi abandonado e o atirador se entregou ao desvairío do sistema sócio político econômico modístico vigente!

Anos que ganhou, anos que perdeu!

Não há tempo para agradecer, nem lamentar! Um só tiro! E acabou!

Posicionar-se, articulações harmonizadas "o retângulo perfeito" de ombros, bacia, joelhos e tornozelos.

Pulsos nem tensos nem molengas! As coisas da arte! Dobrados na flexão certa!

A cabeça pode deitar se o olho regente ou "olho de mira" é o esquerdo e dá um charme da p*!

Ou simplesmente não! Todos acham que você vai deitar a cabeça e você já atirou "porque pose é pra filme e pra ator que ganha dinheiro explorando o erotismo do seu melhor ângulo estudando por horas e horas a fio no espelho do set de filmagem, ou lá atrás na escola de arte dramática" - se fez!

Eu, particularmente, gosto do "já foi".

Já disparei, o alvo já está soltando aquela fumacinha que serpenteia faceira e todos boquiabertos.

Mas enfim, voltemos ao "retângulo perfeito". Erguer a arma! Glocs são pistolas boas para as garotas e para iniciantes e garotas inciantes (calma meninas não atirem pedras por favor)! É meramente questão técnica e não tem nada a ver com academia de ginástica (((((((( não viajaaaa! )))))!

Mas depois de algum tempo você precisa de uma peça de artilharia que exija mais.

Para mim o mundo era a minha Bereta Calibre 22 da fabricante brasileira Taurus, que ganhei de meu pai quando fiz quinze anos! Prateada tinha o cabo de madrepérola branca! Uma joia! Muito mais linda do que qualquer diamante para mim! Foi difícil me segurarem no cinema quando vi uma idêntica em outra série de cinema, Matrix Reloaded, nas mãos da absurdamente deslumbrante atriz Monica Belucci em seu papel de Perséfone! Quase tive uma síncope! Não tenho mais a minha Bereta por razões de segurança nacional. Meu pai era militar e colecionador de armas. Quando ele partiu para as Terras Imortais o Exército veio a nossa casa e a "limpa" foi geral. Acharam meu fundo falso fácil... Dam it!

Hoje meu sonho de consumo é a Magnum 500! O coice é de um puro sangue árabe! Torci o pulso esquerdo no primeiro tiro. NA ESCOLA DE TIRO! Calmaaaaaa!

De qualquer forma não tenho mais a minha linda Bereta "La Madrecita" - nome com a qual a batizei. Estou longe de ter a 500...

Estou falando de uma situação específica na vida!

Onde você só tem uma oportunidade!

Uma janela!

Uma ausência no espaço tempo!

Uma falha na cerca elétrica!

E terá que suportar tudo isso pesando em sua mente e suas costas, dificultando o "retângulo perfeito". A respiração ofegante da ansiedade e da pressão terá que diminuir a aceleração. As batidas do coração terão que se harmonizar com essa respiração. O sangue tem que "esfriar".

Mas é só um tiro!

Mas tem que esfriar!

Mas é só um tiro!

Tanto faz se é um ou mil, se não esfriar perde um, perde mil.

Muito bem.

Feche os olhos, respire como a espetacular atleta do Basquetball do Brasil, Hortência; gire o pescoço como Rog em todos os Máquina Mortífera ou reze como Jackson, personagem adorado de O Resgate do Soldado Ryan desempenhado pelo docinho de lindo e ator - ainda por cima - Barry Pepper.

Cada um tem o seu ritual com a arte.

O meu é como o próprio disparo.

Quando os olhos voltaram do seu trabalho de lubrificar o globo ocular eu já atirei.

E sorrio com a nuca! Os olhos brilham e os lábios incham! A pele pega fogo!

Deuses só tenho um projétil na câmara!

Deuses só tenho um tiro!

Deuses Órion - o maior dos arqueiros da mitologia grega; Hama - o maior dos arqueiros do Bagvarad Gita Hindu; Legolas - o elfo assassino da mira mais precisa da Terra Média de J.R.R. Tolkien; Perséfone; Riggs e Murtaugh, estejam comigo e que por todos vocês Deuses eu os honre e não erre.

Não posso errar!

Não posso errar!

Não posso errar!

Um só tiro!

Um só tiro!

Um só tiro!

FOGO!



Boas reflexões para todos!

(((((((((((  Eu só tenho uma! )))))))))))))

Lix