sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Qual a constelação certa?

...ouvindo "Huron 'Fire' Beltane Dance" de Loreena Mckenit...

É tão triste ver as decorações de haloween e seu tom sombrio brigando com o calor da segunda metade da primavera às vésperas do verão tropical!

É como ver papai noel suando e desfalecendo de calor nos shoppings brasileiros, assustando as crianças mais novas que choram copiosamente ao serem obrigadas a tirarem fotos com uma figura que não reconhecem.

Para quem conhece o significado das festas antigas e sua relação com a estação do ano e o posicionamento das estrelas no arco celeste do hemisfério sul dói mais que a incompatibilidade cultural!

Ontem mesmo, vendo a constelação do grande Órion voltar a cruzar o equador celeste, meu coração bateu forte. A esperança de sua grandeza, sua pontaria infalível que desafiou os Deuses e seu sacrifício compensado com o domínio dos céus do verão foi renovada mais uma vez como a milênios atrás, quando não seguíamos contagens de tempo e festividades criadas por outros povos em seus respectivos hemisférios  e estações e sim o que nos diziam as estrelas e os céus sobre nossas cabeças!

A chegada do verão é a fartura. O apogeu do sol e da lua que voltam a cruzar o equador celeste ficando mais tempo no céu!

As chuvas que aumentam!

Os rios transpõem suas calhas!

A maré que sobe mais alta e poderosa!

É tempo de pesca farta!

Banhos longos para espantar o calor do dia!

Colocar flores e cores no cabelo e nas roupas!

Tempo de paixões intensas!

Mostrar mais a pele bronzeada pelos sol!

De concepção de filhos!

De noites frescas e longas conversas sob a luz do fogo!

Passeios noturnos na mata!

Banhos noturnos para seduzir à noite!

Mesa farta de frutas, legumes, carnes, pães e bebidas refrescantes para não pesar no dia e no sono da noite!

É tempo de sair da toca quente que aguentou todo o inverno, colocar todas as roupas que aqueceram para tomar sol e serem lavadas e guardadas para o próximo inverno.

Tempo de preparar as grandes festas de verão, as viagens mais longas e divertidas, sonhar, planejar...

Deixar uma alegria contagiante ao olhar o céu promissor tomar conta e ter de volta as velhas sensações infantis de "sentir o universo na garganta", "borboletinhas no estômago" e "abelhas zunindo" no peito.

Compreendo o modelo colonizador sob o qual nosso país teve sua cultura impactada desde "o início". Compreendo também a força das culturas de outros continentes sobre a nossa como essência de nossa diversidade... Mas sinto falta de também termos na NOSSA RAIZ cultural, direcionada para as nossas origens, quando quem ditava a passagem do tempo e os costumes eram o Pai Sol e a Mãe Lua! Quando eramos crianças da natureza, filhos da Terra, pertencentes a ela. Quando nos orientávamos pelas estrelas, pelas chuvas e pela maré...

Tempos em que a felicidade era simples de ser obtida e rituais como o culto aos mortos ou o tal do Halloween, tinha o seu momento certo às portas do inverno, quando os antigos pediam força e orientação aos que já partiram para o outro lado para preparar-se para o inverno e as agruras das longas noites escuras que se aproximavam.

Acho bacana ser cumprimentada no dia 31 de outubro com felicitações pelo dia das Bruxas e rio mais ainda dos olhos que estão em volta se arregalando achando que é uma ofensa.

Me sinto honrada... É uma honra porque o dia da Bruxa é todo dia! É "caminhar com os pés no chão e a cabeça nas estrelas" sob as bençãos do Pai Sol e da Mãe Lua e suas mil faces estampadas nas estrelas!

Que o verão venha devagar, quente e firme como deve ser e que traga com toda a sua força e abundância a realização dos sonhos de todos os que - mesmo sem saber ou conceber este tipo de entendimento - seguem pelo caminho girando a roda da vida com dignidade, amor e justiça porque estes são os verdadeiros herdeiros da Terra e verdadeiros filhos dos Deuses, não importando quais os nomes, formas ou significados escolhidos para basear sua fé!

Boas conversas com as estrelas do hemisfério sul e com os ventos quentes do verão que se aproxima para todos!


domingo, 2 de setembro de 2012

A última cartada do inverno!

... ouvindo " How soon is now ? " da banda The Smiths ... A última lua cheia do inverno nos mostra mais uma vez a força incomensurável da grande mãe nos levando mais uma vez ao delírio coletivo absoluto! Sim os povos antigos chamavam a lua de mãe! Vejo seu sorriso jocoso nas festas de salão, nos churrascos, nas calçadas dos bares por toda a parte! Sinto muita falta dos tempos em que viver da observação dos reflexos das leis naturais era essencial para o convívio sadio de todos! Hoje tudo é regulado por outras observações sobre quantidades de conhecimento muito detalhadas dispostas em períodos muito curtos fazendo todos ficarem viciados na preguiça do ter um pouquinho de tudo e na falta de paciência com qualquer coisa que lhe faça perder outras possibilidades. Sinto saudade de poder escolher o que fazer e poder fazer devagar, com cuidado e precisão. Escolher quem desejo ser e ser devagar! Escolher da face da lua com a qual conceberei minha indumentária e tecê-la com todo o carinho e rigor que ela merece! Mas hoje a pressa e a impaciência colocam uma pressão que torna tudo difícil de suportar! Em nome de valores absurdos alguns decidem por agredirem a todos rápida e impiedosamente e são capazes de tudo para obter resultados acreditando haver inteligência em tal postura tornando desnecessário bom senso ou educação para lidar com qualquer pessoa. Neste mundo pessoas como eu estão condenadas. E é assim mesmo que me sinto! Condenada! Sem a mínima chance de me reencaixar! Porque me tornar um deles é impossível! Sou incompatível com esta configuração energética superficial e torpe! Me tornar menos do que sou por mera sobrevivência também me é inconcebível! Sem muitas alternativas, percebo que preciso muito que a grande mãe me acolha em seu seio prateado e me ajude a refletir sobre o que fazer! Porque todas as minhas certezas e forças terminaram... E com o fim do inverno mostrando sua cara minhas chances de sobreviver a isto sã, são a cada dia menores. Como pode o guerreiro erguer a sua espada se sua mente não comanda mais nem seus músculos, nem seus pensamentos, nem as emoções de seu coração cansado? "... and all my hope is gone! " Bom final de inverno a todos!

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Reflexões de alguém que foi garota nos anos 80 (Parte 1)

... ouvindo " Love is The Drug for Me " do Roxy Music ... É difícil envelhecer depois de uma adolescência daquelas. Não haviam tantas possibilidades, logo, as poucas que tínhamos eram agarradas com força e vividas com vigor! Cada música que gostávamos tocava tão poucas vezes no rádio que quando acontecia nos fazia correr para gravar em fita k7 porque certos discos eram difíceis de conseguir e caros demais quando encontrados. Sem falar nos empregos com salários que possibilitavam o luxo de comprá-los serem igualmente raros! Tudo era conquistado com muito esforço e tinha muito valor! Cada livro proibido encapado com títulos de romance brega para não despertar desconfianças davam um prazer a mais em burlar o sistema! Cada amigo que entrava para o partido e - estranhamente era convidado a se retirar do colégio dava um sabor a mais à revolta! O primeiro beijo no bailinho de aniversário que ousou tocar New Order! Uma das primeiras cabuladas de aula para ver "Curtindo a vida adoidado", para saber que cabular aula para ir a museus e shows estava "na última moda"! Achar um disco do Sigue Sigue Sputnik e sair pulando de alegria! Imitar a rebeldia de Gia Marie Carangi e o corte de cabelo da Björk, na época vocalista do Sugar Cubes! Ahhhh se matar de pancada no Projeto SP enquanto os Inocentes tocam Pânico em SP com aquele baixo tão distorcido, mas tão distorcido que fazia os ouvidos arderem de tesão com a reverberação! Protestar contra o apartheid! Protestar contra o massacre das focas mink! Cantar Siouxie and The Banshees no bar do PC do B, morrendo de medo de cair daquele palco de tábua frouxa em cima daquele porão escuro e fundo... Tenho certeza de que os adolescentes de hoje também tem as delícias do seu tempo! E garanto que vai doer bastante ver e ouvir um monte de gente dizendo em canais de televisão e revistas com toda a arrogância de seus jovens anos que tudo aquilo foi uma geração perdida! Hoje leio Hemingway e descubro com amargura que a geração dele também foi chamada de perdida... Ele também descreve como doeu! É assim que as coisas funcionam por aqui! Sempre foi mais fácil desfazer dos que não podem se defender! Continuando na linha do delicioso som do Roxy Music do super cool Bryan Ferri, vou agora dançar um pouco de Talking Heads! Psicokiller para ser mais precisa e tratar de envelhecer com classe! A despeito da fúria por saber que mais um filme dos anos 80 será refeito... E outras idiotices típicas dos tolos que ainda se acham únicos em seus tempos únicos! Viva bem o seu tempo e divirta-se com as chacotas de amanhã. Isso inclui boa leitura, boa música para descobrir que poucos tempos e pessoas foram realmente únicos e originais! Boas reflexões para todos! ( Run, run, run! Run Run Runaway! Oh! Oh! Ohhhh Ai ia ia ia iahhhh )

Larga Mão!!!

... ouvidno "You have killed me" de Morrissey ... Tudo o que penso em momentos como este é em simplesmente "largar mão". Soltar as armas, deixar cair a armadura, deixar a pele respirar! Exausta de tantas batalhas, deixo que venha o golpe, seja para a exaltação de tudo o que acredito, seja para a execração absoluta de tudo o que um dia eu achava que queria! Não importa mais... A frase de ordem agora é deixar ir! Todas as preces foram rezadas! Todos os pedidos feitos! Todas as súplicas realizadas em prostração absoluta! Está posto diante dos olhos dos Deuses. Agora é largar o corpo e aproveitar a maré, seja ela qual for. As certezas se perderam pelo caminho, embaladas pela insanidade galopante. A solidão dourou os sonhos que ficaram crocantes e agora estão postos a mesa estalando para serem devorados pela bocarra do destino! O sentimento é de entrega total! Deixar ser... Deixar estar... Deixar o corpo cansado, desabar no gramado e com os olhos sonhadores de soslaio a ver as nuvens correndo. Deixar os mares do tempo passarem e lavarem as tristezas e as mágoas. Deixar ficar inerte a beira da praia vendo o sol se por... Vendo o amor morrer... Deixar assistir a tudo caindo e despencando sem mexer um músculo! Pois a hora de lutar já passou e a alma cansada anseia pelo silêncio e o conforto do nada! Do total e absoluto nada! Para que a mente possa descansar! O que é do destino já foi traçado... É só esperar acontecer. Boas esperas para todos!

domingo, 12 de agosto de 2012

Saindo para mais uma batalha!

" ... ouvindo "Baby Says" do The Kills ... " Sair de casa para ir até "a cidade" ainda me causa desconforto. Disfarço com a escolha das roupas, dos acessórios, da música de fundo enquanto seleciono o que vou usar. Como já foi uma vez. Eu era assim! A muito tempo atrás eu fazia muito gosto em sair de casa que toda a preparação era cercada de ritualística. Hoje, corpo e mente cansados da batalha contra a depressão e o deslocamento do tempo e do espaço fazem típicos deste quadro, fazem tudo se tornar uma batalha ardorosa para me manter viva e sã. Erguer os braços para vestir o vestido, ter força nos dedos para fechar o zíper das botas, firmeza nos pulsos para passar rímel nos cílios, precisão para encobrir as orelhas com corretivo sem pesar demais na maquiagem dos olhos... A maioria das pessoas pensa que sabe o que é depressão. Confundem com tristeza... Não fazem ideia do que é ter as forças minadas desde a base muscular do corpo físico até a base energética do corpo astral. Vejo essas confusões nos tantos discursos publicados na rede pela tela do computador. Tantas pessoas precisando expressar seus sentimentos colocando a baila intimidades para que todos vejam. Muitas vezes porque não tem coragem de se dirigir a pessoa certa. Tantas outras projetando a si mesmas - seus medos, fracassos e manias - nas outras pessoas se apressando em julgar e sentenciar tão rápido que fico feliz em não ter mais forças protestar. Me calo e espero com resignação que os Deuses se apressem em encaminhar este final de inverno doloroso, vazio de propósito, cheio de tentativas e fracassos para o seu desfecho terrível mais uma vez! Meu único companheiro é o silêncio. A família e os amigos não se conformam. O amor da minha vida faz tudo o que pode - minha única alegria de existir - mas é em vão. O que tem que ser vivido deve ser vivido com dignidade e coragem. Todas as manhãs no esforço terrível para deixar a minha cama cheia de sonhos amarrotados digo isso para mim mesma... Dignidade e coragem! "Por mais que não te respondam em seus chamados, por mais que não respeitem o seu modo de pensar e o seu trabalho. Não desista! Lute! Lute por sua alma!" O mundo das pessoas superficiais e reprodutoras das más práticas de conduta aparenta muitas vezes ser dominante. Mas na verdade o fio de prata do mundo mágico passa "por dentro dele, por baixo, acima e por dentro dele" une num alinhavar perfeito fazendo a conexão com os outros mundos dos quais tenho tanta saudade e permitindo uma segunda leitura das tantas faces da realidade! A reversão é sempre possível! Por mais que pareça fora de alcance! Prendo o meu cabelo alto terminando as minhas preces diante do espelho e vou para a rua com as costas eretas como minha mãe e meu pai - grandes guerreiros deste e do outro mundo - me ensinaram. Vou lutar por me manter firme e sã em meio a esta tristeza insana. Vou marchar pela cidade, esmagando a tristeza com os saltos das minhas botas. Continuar sofrendo pelo fim desta agonia que não chega, mas sofrendo com dignidade e coragem. Ciente de que esta temporada vai passar e sairei dela mais forte. Boas marchas a todos!

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Pelo buraco da ampulheta

(...ouvindo "Down By The Sea" do Men at Work ...)

Voltando de uma longa jornada no interior do estado de São Paulo, sinto uma saudade natural da costa! O charmoso ir e vir das ondas do mar!

Saudades dos tempos em que era possível simplesmente ouvir música dentro do carro, vendo as ondas estourarem na praia próxima!

A única tela era a mente!

Mesmo porque a tela da TV era um porre - pior do que hoje! Acredite!

O som do carro na garagem de frente para a praia ou o aparelho de som antigo com fone gigante que ficavam no canto da "sala de estar" eram a salvação.

Nesses tempos os sonhos eram grandiosos! Sem medida! Sem limite! Mas eram mais vaporosos, fantasiosos. Típicos de uma pré adolescência no hit capitalista dos anos 80! Privilegiada pela ilusão completa de que a realização de todos os nossos sonhos estava ao nosso alcance! Bastava acreditar... O riso mais uma vez se derrama irônico, sarcástico e doentío pela boca! "... down by the sea.. I found your hidden treasure!" Quando a grande bolha das ilusões explodiu e seus estilhaços caíram por terra ao som de Legião Urbana e Capital Inicial, quando o socialismo mostrou sua verdadeira cara e o capitalismo simplesmente o engoliu instantaneamente. A relação do tempo com as possibilidades mudou demais! Dos eletrodomésticos "feitos para durar", veio o "quebra logo porque eu quero é comprar outro!". Se eu pagar o concerto da rede elétrica, vou ter que pagar para trocar os plugs das tomadas porque os plugs que coloquei pela casa "saíram fora de linha" e os adaptadores são caros nas lojas 1,99(onde esses adaptadores NUNCA custam 1,99!). Se pago pelos adaptadores como paliativo porque uma nova reforma na rede elétrica vai me custar uma fortuna, o aparelho de sinal de internet não aguenta o novo fluxo de energia favorecido pelo plug com adaptador. Terei que pagar por um novo aparelho de sinal de internet. Mas aí o sinal fica mais forte e a memória RAM do meu notebook de seis anos, oito aliás, de idade (praticamente um velho caquético e obsoleto) não consegue abrir todas as pastas e sites que eu quero ao mesmo tempo... Se compro o pente de memória com o triplo da capacidade do meu atual (mó pentão aí!) e então e finalmente meu note ficar super rápido... Preciso de um sinal melhor de internet para abrir as super páginas pesadas que preciso agora que tenho mais velocidade em minhas ações... Então terei que pagar por uma assinatura de internet de maior capacidade... Minha nossa! Como diz uma grande amiga que não vejo a tempos porque está trabalhando pacas para realizar seus sonhos: "é a pura escravidão do milho verde"! E toda essa grana que eu poderia usar viajando, adquirindo cultura, saindo do stress, buscando qualidade de vida... Vendo o mar... Vai tudo pro ralo! Pagando o aparelho, do aparelho, do aparelho do aparelho que não foi feito pra durar! E enquanto a areia da minha vida escoa pela ampulheta... Ouço on line a música do Men at Work pela internet, vejo umas fotos antigas da praia e chego a terrível conclusão de que eu é que não vou durar desse jeito! Então não compro nada e fico com a internet ruim! Lenta! Peço um site e vou arrumar a cama, na volta ele já está aberto e possível de navegar... Peço para abrir um outro para colher uma informação e o editor de texto para lançá-la em meu trabalho e vou beber um pouco de água... Talvez passar pelo espelho e ver se tirei bem a maquiagem usada hoje no começo da noite para um "encuentro". Quando voltar talvez já esteja tudo em condições de uso! Só que aí perco tempo... E me atraso! E deixo de conseguir uma grana que precisava! Grana que poderia... "... don't you wonder whyyyy?" Meu! Vou voltar a ouvir Men at Work! Men at Work kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk! Agora que me liguei! Não podia escolher um nome de banda mais ambíguo para este post! Amei! Boa noite... "...quiet in the tide slow!"

domingo, 4 de março de 2012

A Balada da Morte e Ressurreição do Amor ((( Post semana anterior ao carnaval )))

"... ouvindo C'est La Vie de Emerson, Lake and Palmer ..."




Meu amado!

Meu Deus!

Meu homem!

Mais uma vez me deixaste!

Agora alças outros vôos, por sobre outras serras e estradas florestadas.

Corres livre, precioso a sorrir porque me amas...

Mas amas mais a ti mesmo e ao teu caminho!

Tua preciosa liberdade!

E neste tempo em que estiveres fora, serei apenas uma memória deliciosa, uma promessa de um retorno feliz.

Em breve tocarás outras peles, terás outros prazeres.

Prazeres que neste momento do meu caminho não posso te dar.

Pois sou só mais uma das tuas amantes.

Talvez um pouquinho mais especial que as outras tantas...

Talvez não.

Se for, sei que esta condição se dá somente nos momentos em que nos vemos e do preço alto a ser pago por isto!

Seja na visita daquele dia da semana entre uma viagem e outra.

Quem sabe na visita de mais uma tarde entre um boteco com os amigos e outro.

Ou então talvez na visita rápida daquela manhã antes de correres para tuas batalhas...

Às vezes é tão difícil meu amor! 

Todos os dias ter que matá-la na alvorada seguinte a tua partida...

Ela! A bailarina... A donzela... A princesa... A prometida... A portadora da taça que transborda de tanto amor...

Aquela que de tão enraizada é difícil de extirpar!

Ela a louca do sobrado antigo, lá na rua da vovó que sai nua na rua assustando a criançada porque alguém deixou a porta aberta.

Ela sai sai bailando enrolada na cortina de voal da sala... Cantando canções de amor...

Friamente todas as madrugadas, executo-a gritando para que ela me ouça em seus derradeiros instantes!

Grito que não és o salvador dela...

És apenas mais um que vai devorar o corpo dela, o coração dela e tirar mais um pouquinho da sanidade mental que resta a ela...

Eu sou aquela que mata o amor e contempla a cada alvorada o amor morto ao meu lado!

E ele me contempla de volta nos olhos estáticos e negros daquele corpo caído em minha cama

Arremato meu grande feito a cada e-mail, desejando que te divirtas quando me dizes que voltarás de viagem somente no final do verão.

A cada telefonema elogiando tuas estrepolias boêmias e insinuando que sou livre e que tenho outras histórias também.

Mais um pouquinho fingindo não perceber quando conversamos e deixas escapar um detalhe que questiona toda a história que contaste a pouco.

E assim... O amor vai morrendo...

De pouco em pouco...

A sereia morre... Golpeada pela mulher de armadura do quadro de Bosch!

O sonho morre... Estraçalhado pela lança do destino de ser mulher nos anos frios, superficiais e secos do século XXI.

E a guerreira, de armadura e sabre em riste se ergue vitoriosa, com os cabelos longos e selvagens ao vento e o olhar no horizonte.

Se vangloriando falsa, sínica e estérica por executar a outra mais uma vez!

Fingindo-se aliviada, brada aos céus de chumbo!

EU SOU A VITORIOSA!

SÓ HÁ ESPAÇO PARA MIM!

O AMOR MORREU!

EU O MATEI E MATAREI MAIS MIL VEZES SE FOR NECESSÁRIO!

POIS ESTE MUNDO É DOS BRAVOS DE CORAÇÃO NEGRO!

E EU MOSTRAREI AO MUNDO QUE EU SOU UM DELES!

NEM QUE TENHA QUE MATAR UMA SEREIA, UMA PRINCESA, UMA PROMETIDA, UMA BAILARINA E ENTORNAR A TAÇA TRANSBORDANTE DO DOCE AMOR TODOS OS DIAS PARA PROVAR ISSO!

E o clamor tão poderoso da guerreira faz os Deuses se enfurecerem e em raios fulminantes lançarem o amor de volta atingindo-a em cheio em seu coração e sua mente.

Porque ele nunca morreu.

Porque o amor sempre esteve lá! Só se transformou no que foi necessário para viver um pouco mais.

Tem outro formato e outro nome agora...

Amor Ressurreto!

Bons amores para todos!

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Hantalë

"... ouvindo "Evenstar" da trilha sonora de "O Senhor dos Anéis As Duas Torres..."

As noites abafadas de verão são maravilhosas!

Andar descalça pelo jardim, contemplando a luz da Lua, ouvindo os grilos cantando e um mar revolto dentro do coração!

Quando as noites ficam assim e meu aniversário está próximo, dizem que a alma toma leve consciência de sua grandiosidade, preciosidade e de sua história nos longos tempos e longas vidas já cruzadas.

Quanto a minha, posso dizer que parte dela sente saudades de um tempo em que não sei se vivi ou se sonhei que vivi.

Sinto saudades de um lugar que faz o peito doer de tanta melancolia. O ar trazido pelo longo suspirar me traz recordações doces da mais fantasiosa e mais louca de todas as experiências em outros mundos que já experimentei mentalmente.

Viver sob a égide dos Vala! Viver na Terra Média!

Desde a minha primeira vez que li O Senhor dos Anéis até os filmes e a festa comercial que já houve com esta brilhante obra, o convite feito nas primeiras linhas dos livros mais fantásticos que tive a felicidade de ler e nas imagens mais fantásticas que já vi no cinema foi aceito imediatamente!

Irrecusável, honroso, poderoso! Um sonho belo e elevadíssimo! Coisa de quem preza pelo que é correto e difícil, ardoroso e, justamente por isso, pleno de honra e satisfação!

Coisa para poucos loucos amantes da precisão ao ponto de ceder a detalhes enlouquecedores que fadigam outras mentes que preferem histórias mais rasas, previsíveis e banais por não buscarem complicações para alcançar a felicidade. Respeitado pelos mais realistas apesar das queixas quanto aos excessos.

Concordo em boa parte! Felicidade de verdade vem das coisas simples! Às vezes me perco com tantas variações de hobbits e línguas élficas! ksksks!

Mas a minha mais sagrada visão de vida feliz está lá, naquele mundo de elfos, anões e hobbits, de magos, deuses e semi-deuses, árvores e montanhas vivas, homens valorosos e histórias espetaculares feito da mais pura paixão pelo que é perfeito, preciso, verdadeiro e honroso. Tudo isso em um mundo de aquarela de sonho como nos desenhos élficos de Alan Lee!

Quando eu lia aquela verdadeira peça de arte escrita pelo mais espetacular de todos os escritores de romance fantástico que já caminharam por este planeta, eu sentia sensações físicas na energia de seus escritos.

Juro que J. R. R. Tolkien me fez sentir o cheiro das dragonas de couro dos Rohirim, os Senhores dos Cavalos de Rohan; o gosto na boca da cerveja nas canecas enormes do Poney Saltitante em Bree e do fumo da quarta Sul de Hobiton. Pude Ouvir o canto de Eowyn pranteando Theodred seu primo morto pelos ataques dos Urukhai e o tilintar metálico da espada Andúril Chama do Oeste desembainhada pelo grande mestre Elrond para que Aragorn finalmente acreditasse que era digno de assumir seu papel de o grande Elessar, Rei de Gondor!

Senti fome com Frodo e Sam nas Emin Muil e medo quando Gollun se tornou o guia traiçoeiro e terrível que foi. Senti o peito pegar fogo quando Gandalf enfrentou o Balrog nas profundezas de Kazadûn e fui às lágrimas quando ele regressou branco e implacável na floresta negra e viva de Fangorn para libertar o grande Rei Theoden dos feitiços de Língua de Cobra, seu conselheiro, controlado pelo traidor Saruman!

Suspirei com as cachoeiras de Valfenda e as previsões terríveis do poderoso mestre Elrond para quem eu dedicaria com todo a minha obediência, minha precisão cartográfica e escrita até atingir a perfeição élfica e merecer lá ficar! Amei Legolas desde a primeira vez que li sobre sua lealdade, força, leveza e obstinação a cada flechada, a cada combate, a cada visão e a cada palavra precisa e bem colocada no perigo e na tristeza antes, durante e depois da jornada da Comitiva do Anel.

Realmente uma lembrança essencial para o meu tempo aqui no planeta Terra e uma das preciosidades que levarei comigo sempre! Mente e coração!

Mas, se fosse possível ter um presente de aniversário atendido, se me fosse permitida a petulância de um bálsamo nesta batalha terrível neste lugar onde tudo se esconde em falsas palavras, falsos e rostos e falsos ideais, eu gostaria de poder viver ou voltar a viver - se é que vivi - lá... Naquele mundo! Com eles!

Uma festa de aniversário no bolsão, ouvindo as espetaculares histórias de Bilbo Bolseiro, dançar e beber com Merry e Pippin, conversar sobre os fogos mágicos incríveis de Gandalf, o grande Olorin.

Passar a noite na casa do Bilbo conversando com Frodo e Sam sobre as durezas do caminho e das feridas que nunca cicatrizam frente ao fogo da lareira.

Viajar para Valfenda descansando uma noite em Bree, na pousada do Poney Saltitante, claro! Ser curada pelas habilidades do mestre Elrond de todas as minhas tristezas e dore. Finalmente poder me candidatar a vaga de cartógrafa da Terra Média. Ser aceita! E sair em missão de mapear Ithilien guardada pelo meu amado Legolas!

Saudar a majestosa montanha Karadras! Passar por Moria e admirar os salões esplendorosos dos anões cheios de seu espírito vivaz e de sua força! Quem sabe uma refeição farta de comida, bebida e gargalhadas com o admirável e bravo Gmili!

Conhecer Fangorn e celebrar com Barbarvore a feliz volta das Entesposas!

Visitar Rohan e praticar aulas de espada com minha querida Eowyn! Minha personagem feminina predileta! Jantar com o Rei Theoden e o grande Elmer! Conhecer os grandiosos cavalos Mearas!

Seguir a longa viagem e descansar em Lothlorien! Consultar a grande Galadriel sobre as dificuldades do caminho ao se saber que seguir a lei, a luz e a justiça dos Vala é uma guerra sem fim!

Descer o grande Rio Anduim e visitar os Argonath com grande honra! Seguir até as cataratas de Raurus e visitar a torre sul!

Pedir permissão e conhecer a majestosa Gondor e seu Rei e Rainha encantadores!

Passar dias na biblioteca real da Cidade Branca, me preparando para seguir para Itilien fazer o incrível trabalho de mapear a floresta proibida, antiga sede da rebelião de Faramir e próxima a destruída Mordor! Graças a tantos heróis e ao poder dos Vala!

Cruzar a ponte, visitar a bela Osgiliath e seguir em frente cumprir minha missão. Retornar para Valfenda e concluir meu trabalho de campo honrosamente, merecendo pertencer à casa de Elrond e continuar o mapeamento do mais belo dos mundos sob os quais já li!

É isso! Loucura de quem gosta dessa doideira toda! Mas é o meu aniversário que está chegando e é meu direito pedir o que eu quiser!

Bons pedidos para todos em seus aniversários e caminhos!
E para os que como eu sonham com outros mundos e honras... Que um dia possamos nos encontrar... Lá!

Hantalë! (Agradecida em Sindarim)

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Quando é a hora certa?

(... ouvindo "Carpet Crawlers" do Genesis...)

Dizem que o que não tem solução, solucionado está.

Mas como saber se não tem solução mesmo ou se estamos desistindo antes da hora?

Ou saber se passou da hora e já estamos dando vexame!

Fui ferida de morte, FATO!

As cicatrizes fecham-se marcada e demoradamente, VERDADE!

Marcas profundas foram deixadas e vão me custar anos de análise, escrita sombria e síndromes, REALIDADE!

Mas quando será a hora certa de sair do fosso?

Ouço Peter Gabriel soprando em meus ouvidos:

"You got to get in to get out..."

Enquanto vejo as gotas de chuva caírem delicadas das folhas das plantas no jardim.

"There's no hidden memory, there's no door away..."

E as lágrimas rolam pelo meu rosto caindo pesadas no tapete do quarto a beira da cama.

Como é possível saber que já basta de sofrer e que tenho que sair do casulo que criei. Ele é tão quente, tão confortável. Foi construído com tanto carinho e amor, com tanto medo e cuidado que a mera ideia de ter que deixá-lo me apavora!

Descobri que posso ser feliz com tão pouco, que estava enganada quanto ao que realmente precisava. Típico de quem perdeu algo que amava muito e que ficou sem o chão que pisava.

Ah preciso chorar de novo! Eu amava, amava meu trabalho, meus companheiros de trabalho, meus superiores até o que me destruiu... E me tornou essa coisa recolhida e sofrida que sou hoje!

Ainda não consigo parar de perguntar porquê, de sonhar que ainda estou lá trabalhando!

Não foi suficiente então? Não entrei o suficiente em minha dor? Não rastejei o suficiente pelo tapete para poder sair?

E a resposta é simples!

Não quero mais sair!

Quero ficar aqui, chorando junto com a chuva, tendo pena de mim! Assumindo para o mundo que fui ferida e que não quero mais ser aquela na qual todos se inspiravam. Quero gritar que sou frágil, covarde e pequena! Quero ser só mais um corpo tombado no chão pelo fogo da batalha!

Não quero liderar nada, nem ser exemplo, nem referência de nada!

Deixem-me aqui por favor! Deixem-me aqui para morrer! Quero ser aquele ator que morre pouco antes do fim do filme para que o ator principal vença, fique com os louros e me deixe em paz.

Quero que parem de se lembrar de mim com carinho e dizerem que vou sair dessa!

Quero me enterrar até este terror e esta perda me tomarem completamente.

Quero entrar nessas vestes de luto e choro de uma vez por todas, mesmo que isto me custe mais do que jamais imaginei, para poder finalmente deixá-las para trás!

Estou pronta!

Se é assim, que seja!

Que venha!

Venha e tome de uma vez o que é seu, dor, ódio, rancor, mágoa, desprezo, desgosto, amargura, medo! Tudo! Leve tudo! Eu não me importo mais!

Eu perdi algo que amava e pela qual lutei com toda a bravura que pude gerar em meu coração guerreiro!

E para que? Para ser humilhada, deportada, ficar a parte da sociedade!

Então agora eu sou a marginal, a quem todos olham como se vissem uma aberração!

Que seja!

Pago o que for, para viver o que tiver que viver e me livrar deste papel terrível!

Que não desejo a ninguém!

Ninguém!

Pensei que já tivesse sofrido o bastante, mas a angústia em meu peito diz que não, que ainda não é o bastante.

Ainda não é a hora certa!

Então...

Quando?

Boas horas para todos!

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Rebolando no Inferno Astral

(... ouvindo "Bang a Gong" do Power Station...)

Demoníacos são os ciclos pelos quais homens e mulheres passam nessa cruzada pela busca do prazer em viver...

Não creio que as mulheres sejam de Vênus e os homens de Marte.

Acredito que somos inconstantes demais para viver só no sexo ou só na guerra.

Mesmo porque a carga dos Deuses não pode ser lida assim. É difícil decodificar a energia que somente uma inteligência divina conseguiria dar conta e viver tão focada e apaixonada pela sua natureza única e extraordinária!

Nossa dificuldade em fazer escolhas deve deixá-los enfadados!

Conheço bruxas e bruxos que se dizem instrumentos dos Deuses, servidores dos Deuses, Semi Deuses. Alguns se dizem os próprios!

E eu gosto de dizer a mim mesma que carrego todas as faces da Deusa dentro de mim.

E cada face que se manifesta pelo caminho, merece culto apropriado.

Por vezes me desfaço, me exaspero, me ponho a sofrer até a exaustão, prostrada ao chão diante do altar adorado com cada músculo do meu corpo, mente e alma.

Em outras estou tão doce que sinto mel em minha boca e fluido rosa correndo em minhas veias, enquanto danço coberta de cetim nas madrugadas prateadas pela lua no jardim.

E mal a face da lua virou e a Deusa em mim já me faz girar a cabeça velozmente, como uma ave de rapina e me armo tão rápido como uma serpente, sentindo toda a doçura da face anterior se transformando em um ácido tóxico que queima meus sentidos.

É o chamado da vida selvagem batendo replicante em meus ouvidos.

A voz da face da Deusa que então se manifesta em mim sussurra lasciva:

"Se este é o seu inferno astral e você tem que caminhar por ele. Vá rebolando!"

A gargalhada se derrama burlesca na frente do espelho.

Quantas mulheres existem dentro de nós?

Quantas faces usamos para nos fazer de vítimas, morrer de pena de nós mesmas e exorcizar nossas culpas chorando pelas madrugadas solitárias e logo depois, cansadas de ouvir nossas próprias vozes falando das mesmas dores, colocamos uma roupa colada, botas de couro e saímos requebrando insinuantes pela rua?

Se ele não quer admitir o quanto me ama e o quanto precisa de mim, que se dane!

Se ela não acredita que sou capaz de cortar sua "amizade", não vou me dar ao trabalho de demonstrar que a lei se aplica a todos.

Se não estou pronta para voltar para a batalha ainda, chorarei o quanto for preciso até a última lágrima secar.

E depois de tudo isso vou ouvir Robert Palmer nas alturas me dizendo: "you're dirty sweet and you're my girl" enquanto danço até meu corpo brilhar de suor e todos os meus músculos doerem!

Que se dane que o telefone não toca. Que o celular está sem crédito e que não tenho grana pra ir pra balada.

Faço a minha seleção de músicas cheia de Power Station, Arcadia, Living Collor e Prince. Me mato de dançar e rolar por todas as paredes da casa e pronto!

A vida é o inferno que queremos que ela seja!

E só a bateria bem marcada banging a gong é que me serve nessas horas!

Bom inferno para todos!

Rebolando por favor!




terça-feira, 17 de janeiro de 2012

O galope da loucura

(... ouvindo Hearing Damage de Thom Yorke...)

Não sei se por conta da arte, da magia ou do tempo...

Mas muitas vezes a mente voluntariamente escolhe fluxos obscuros.

É como sentar-se a beira da Marginal Pinheiros na hora de ir para a balada e ver os carros passarem...

O mesmo fluxo louco acelerado mas com velocidade e energia diferentes do movimento do dia.

Fico ali, a parte... Assistindo o espetáculo de sons e luzes dos pensamentos mais comuns e banais como sexo, grana, luxúria e vaidade e contemplo o mundo aparente se mostrando com toda a sua força em lugares e momentos como este.

É o fluxo da vida contemporânea.

Ter um emprego ou um trabalho e, mesmo sem identificação ou vontade legítimas, continuar lá e seguir conquistando premiações para cultuar aparências, aquisições e falsos confortos que não bastam nunca e endividam o corpo, a alma e a mente!

Pensar em tudo isso dói, então para fugirmos criamos mais uma trama de fantasias e devaneios.

Alguns mais sãos, buscam a arte e/ou o esporte.  Outros mais insanos vão atrás dos sonhos dos outros com a mídia, as pseudo religiões e tantas outras artes de se enganar com valores que não são os nossos verdadeiramente.

Alguns mais investigativos buscam alguma ajuda e outros poucos um tanto mais meticulosos, buscam ajuda especializada!

Tratar a mente é mais terrível do que eu possa escrever! Talvez um gráfico com três variáveis ou um asteroide que gira em quatro eixos chegue perto.

Criamos armadilhas para nós mesmos conscientemente, fingimos que nos enganamos, enredamos profissionais rasos que pagamos para detectar o problema mentindo que o resolvemos ao dizer exatamente o que eles querem ouvir.

Sim somos capazes de tudo!

Nossas mentes são alimentadas constantemente por incríveis fantasias midiáticas e alguns de nós se convencem de que são o que criam e passam o tempo todo convencendo as pessoas de que são aquilo e vivem uma sobre vida se enganando com amor e admiração de adoradores enganados.

Criamos fantasias e as vestimos e com o tempo elas vão se atando aos músculos da nossa mente.

Tirar cada pedaço traz dor aguda!

A maioria desiste! Nem tenta... Finge que tenta! Faz a vida fingindo e estimulando o fingir!

"... pagar a conta do analista para não saber mais quem eu sou..."

Quem decide enfrentar esta senda, caminha voluntariosamente para o "pântano da tristeza". Os estados de consciência são sombrios. Enfrentar a si mesmo é uma das maiores artes da guerra que se possa escolher.

Seu olhar sobre o mundo se modifica completamente. Outros véus caem entre o seu self e a realidade, permitindo releituras assustadoras.

Encontrar um andarilho pelo caminho, torcer para não ser abordado e contemplar, estupefacta, a boca dele se abrindo e despejando aos berros tudo o que está na sua mente naquele momento!

Compreender com compaixão porque um viciado opta conscientemente pela dose que o matará.

Estender a mão para a mulher que teve seus sonhos traídos mas não consegue se soltar do corpo e da mente do traidor.

Finalmente sublimar o porquê do seu amante mais desejado te-la deixado, mesmo sabendo que estava perdendo a mulher da vida dele!

As raias da loucura permitem compreender porque o salto para o abismo e o corte de tudo o que nos ata a este mundo são tão atraentes.

Viver de verdade, com consciência das implicações da ação de cada músculo na caminhada em busca da verdadeira realização é muito mais difícil do que se possa escrever.

Talvez seja por isso que os sábios Deuses nos contemplam com "olhos de faca" que nos despem de todas as couraças que criamos.

Talvez seja por isso que as religiões mais procuradas são as que "dão" emprego, carro, marido, cura para a doença que na verdade é somatização da mente doente e da alma infeliz!

Caminhar pelo limiar da loucura é conversar com a insanidade.

Apaixonante, solitário, dolorido, apavorante... Uma arte para poucos realmente dispostos a pagar o preço altíssimo de caminhar sob os olhos atento dos Deuses.

O melhor mesmo é enfiar o MP3 na orelha e chegar logo no emprego desgraçado, contar os dias para o "pagamento" e terminar logo aquela prestação para começar outra de mais uma coisa desnecessária.

Aguentar o cara que te drena o viço da vida só para dizer que tem alguém, que tem algum dramalhão para fugir da vida difícil de quem busca por um amor de verdade.

Ver a pessoa que se diz "amiga" e seus olhos famintos para te atacar nos pontos fracos que com tanto amor foram demonstrados a ela por você mesmo em um momento de fragilidade, tendo consciência de tudo o tempo todo.

Dói só de ler isto não?

Por isso quando me perguntam "tá melhor?" a resposta do momento é:

"Tudo certo!"

Afinal... Como dizem os sábios hindus e sua leitura milenar e imortal...

"Em todos os casos a vida é certa!"

Boas dores e fugas para todos!




quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Falando de amor outra vez...

(Ouvindo "Only love can break your heart" de Gwyneth Herbert)

Falar de amor e não cair na pieguice é muito difícil!

Entre a emoção legítima e o exagero que faz a boa intenção cair diretamente no dramalhão mexicano, há uma linha tênue que pode ser cruzada na primeira manifestação levando tudo à mais absoluta ruína.

Com o tempo as expectativas de criança a cerca do amor vão diminuindo. Um dos mais prováveis indicadores é a carga de decepções da vivência, ante a enorme ilusão alimentada pelos contos de fada, novelas, filmes e músicas românticas que nos acompanham logo no início do caminho.

Na adolescência somos loucos apaixonados graças ao frescor da idade, idéias e determinação em colocar tudo para funcionar. De fato é uma dos poucos momentos na vida onde temos convicção de sermos únicos no mundo. E, é claro, os primeiros momentos românticos de nossas vidas assim merecem ser!

Porém, passamos a exigir menos com o tempo ao perceber que o outro também tem suas fantasias.

As decepções e desistências em busca do sonho vão nos fazendo sentir aos poucos que viver um amor de verdade é diferente de achar alguém que apenas encaixe certinho em uma idealização juvenil.

Enxergar o outro e todas as suas falhas sem se iludir, perceber se é necessário fazer com que ele as veja. Enxergar-se e mostrar-se ao outro com igual cuidado, respeitar o tempo dele e se fazer respeitar no seu tempo. Escolher o que deve ser aceito e as mudanças que podem ser pedidas, são tarefas muito difíceis e que requerem muita paciência e um baita controle da ansiedade típica pelo amor idealizado como perfeito.

Fica monótono só de ler!

E a paixão? O furor? O ardor? Vai parar onde com essa receita de bolo típica de manual de auto ajuda?

Saber quando liberar o fogaréu e quando se conter é uma das mais difíceis artes que os amantes tem a dominar.

Não pedir para ele ficar mais um pouco, não apressar o próximo encontro, não perguntar o que ele está pensando, não monitorar seus movimentos,  não enviar qualquer e-mail ou fazer qualquer declaração em ambientes virtuais abertos ou fechados sem antes revisar com muito cuidado cada palavra.

Segurar o "eu te amo" que quer sair o tempo todo da boca, conter o olhar prolongado que brilha, faz as bochechas queimarem e o peito zunir. Segurar a qualquer custo aquela vontade louca de ligar no meio da noite e perguntar o que aquele e-mail sem sentido algum quis dizer...

É como aprisionar um animal selvagem de disparar livre pelo campo para que ele não pisoteie o outro...

E quando sua taça não aguentar mais de tão cheia, derramar o máximo que puder na primeira oportunidade que tiver!

Sem dúvida uma experiência incrível!

Saber quando se entregar e quando se calar... E esperar...

Bons amores a todos!




terça-feira, 3 de janeiro de 2012

2012! Bem vindo fim do mundo!

(...) ouvindo Irish, Blood English Heart de Morrissey


Ao retornar lentamente da mais recente batalha travada contra o mesmo, monótono e típico inimigo, observo as feridas se fechando devagar desenhando mais cicatrizes em meu corpo.

A minha volta mais um solstício de verão traz de volta as noites de calor no limiar da loucura. A eterna espera pelo que não vem!

Não vem!

2012! "O fim do mundo", dizem!

Mais um dos delírios comuns a tantos povos! Tantos escreveram sobre o fim dos tempos!

Quanta vontade de ver o mundo despencando para não ter mais que arcar com a miséria de sua própria vida! Assustar pessoas com o pavor pela ideia do fim das coisas e sentir-se poderoso ao ver o pânico no olhar desesperado e curioso delas.

Tão patético!

O riso me faz jogar a cabeça para trás! Eu mesma já quis isso tantas vezes nos tantos momentos difíceis do caminho!

Curiosamente eu mesma já critiquei tanto quem se portava assim!

Houve uma vez, em um debate monótono sobre a realidade do aquecimento global. Naquele ponto em que as frases clichês desciam pelo auditório feito enxurrada, me irritando cada vez mais. Aqueles exemplos superficiais, aquela filosofia de almanaque, aquele discurso ecochato e sem graça me cansando, me exasperando.

Quando veio a erupção final, desencadeada por alguém dando a sentença! "O mundo acabar!"

Lembro-me de ter me levantado trêmula e com os olhos queimando enquanto vociferava algo como:

"Meus queridos o mundo não vai acabar! Todas as espécies que não se equilibraram com o ambiente deste planeta foram convidadas a se retirar e o planeta sempre se recuperou muito bem, obrigada. É a nossa espécie que vai desaparecer. Não se preocupe o planeta se refaz! Inclusive e muito provavelmente ele vai se curar bem mais depressa com o nosso fim!  Logo é até melhor continuarmos a perder tempo com esse monte de baboseiras sem o mínimo cuidado que vocês estão falando e deixar rolar de uma vez..."

Fúrias a parte, discutir é importante! Mas discussão sem base é de matar não?

Pobres maias! Tiveram sua cultura esmagada muito antes de 2012! Que fim de mundo previram? Fim do mundo de quem?

De acordo com o máximo que conseguiu-se interpretar do sistema de contagem do calendário Maia, este ano é o ano Mago Rítmico Branco e conforme a interpretação de algumas leituras ele se estende no calendário juliano (utilizado por algumas culturas cristãs ocidentais), de 26 de julho 2011 a 25 de julho 2012. Em algumas possíveis interpretações conhecidas hoje é o Dia da Águia Espectral Azul! 


Que mundo vai acabar? Qual a data? A partir da interpretação de quem?


Morrissey cai bem nessas horas!


Foi só mais uma batalha, babe, a guerra não acabou! A guerra nunca vai terminar!


Não adianta esperar o cometa, o meteoro, o armagedom, o alinhamento dos planetas! Ele não virá nos salvar! Essa é a verdadeira condenação! Não vai acabar! Nem aqui, nem em nenhum dos mundos!


Minha geração ouviu The Smiths e Morrissey dentre tantas outras preciosidades na adolescência orgulhosa que tivemos! Esperamos pelo glorioso fim do mundo pela guerra nuclear nos anos 80! Misseis intercontinentais, milhares de ogivas com explosões medidas em Hiroshimas!

Ele não veio! O fim do mundo não veio!

Não aconteceu! Foi tudo um grande blefe!

Enquanto esperamos o "julgamento final" vir logo e na forma de cataclismas aniquiladores para terminar com as nossas dores porque não temos coragem de acabar com isso por nós mesmos, perdemos tempo deixando de fazer o que era realmente importante!

Mais uma farsa do século! Mais um século!

Boas reflexões a todos e feliz ano do Mago Ritmo Branco, da Lua de Ísis, do Dragão Chinês, 2012, como queiram! Não vai ter fim mesmo!