quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Embebida

Ouvindo "I Believe" do Tears for Fears

https://www.youtube.com/watch?v=28pF89eh4a8

Quando quase todas as cartas caem... Quase todas...

Quando te dizem mais uma vez e em um inverno que não quer acabar, que você quase morreu e os olhos saltam ao ver o seu sorriso...

A sensação é de estar embebida em uma banheira cheia de lágrimas.

Lágrimas oriundas da tristeza eterna da qual se sabe ter nascido, mas se passa a vida toda negando e negando e negando e negando!

Pagando de guerreira e lutando e lutando e lutando!

Por não aceitar a verdade absoluta e inegável que lá no fundo, com o passar dos invernos tem-se cristalizado - como a ostra cristaliza a pérola com empenho e custo - a pedra preciosa da certeza...

Não há felicidade

Nem final feliz, nem grande superação, nem grande conquista, nem grande vitória

Muito menos triunfo

Só o vazio de uma noite sozinha, com fome, frio, fracasso, decepção e abandono

Essa foi a única certeza

Uma batalha perdida em uma vida inteira de luta contra a derrota certa! Uma enorme luta em enganar a si mesma e a todos os outros. A vida de uma impostora! Que enganou a todos com sonhos de conquista e vitória merecida. Triunfo absoluto! Que não vieram, que nunca existiram! Ilusões de uma falsa vencedora, delírios de uma eterna perdedora que desde criança inventou uma personagem e em sua psicose profunda e absoluta acreditou nela para tentar se enganar e ser feliz por um tempo, mas que acabou tomando esta personagem como verdade absoluta e agora reclama e sofre mais uma derrota que não quer enxergar nem visualizar por completo...

Alguém que não quer dar um passo para trás e ver o quadro todo...

Que não é Renoír!

É Guernica!

É é isso o que tem que ser vivido e encarado de uma vez por todas!

É só isso o que acontece!

É só isso o que há para viver!

E nada mais!

Nada mais!

Nada!

Nada mais!

segunda-feira, 25 de julho de 2016

A Dança do Destino


. . .  ouvindo "Alcoba Azul" de Lila Downs


https://www.youtube.com/watch?v=QxQcmVK4qaw



Como pés que bailam pela mesma pista mais uma vez e sob a mesma canção, seguimos: carregados e querendo, governados e libertos! Seguimos com ou sem vontade por nossa sina e alforria... Uma dança do destino!

Uma coreografia de combate, na qual nos enganamos aos berros, dizendo que nada nos comanda ou nos faz comandados! Seguimos dançando, rindo de todos os que se enganam, os que nos enganam e os que são enganados por si mesmos, por nós e por nós enganando a nós mesmos!

E bailamos insanos e sãos, pelos salões das verdades e mentiras que escolhemos, como quem se agarra à frágil tábua em oceanos tempestuosos de possibilidades que não quer ver!

Se há uma única resposta, que graça viver?

Se há uma única variável, como variar?

Se há tanto e escolher significa perder? Não escolher também é escolha e perda e ganho também!

Se o enfadonho sempre vence, quem foi derrotado nunca existiu?

O sorriso ácido carrega a delírios envenenados a mente entorpecida pela vigília encantada e incauta das noites de faca sob a face de foice da Lua!

E a falsa impressão pode ser a verdadeira e roubar - em um instante - todas as certezas que temos de nós e de todas as coisas que pensamos saber do mundo e de nossa pífia e doce vida nele.

O que hoje nos faz sorrir, amanhã nos fará odiar e depois negar e então chorar e então fingir que não aconteceu e depois mentir que sim e então fugir e depois voltar e depois de novo e de novo e outra vez e novamente e sempre e neste terror eterno que é viver se repetindo ao êxtase e ao enjôo até se fazer entender que não há entendimento que baste!

Escondendo que perder as certezas é também e não só a única certeza.

Seremos vítimas do que mais tememos.

E algozes do que mais amamos.

Todo cuidado de nada adiantou.

Nem todo o descuido... Fez sequer importância.

Pois que o escravo é um senhor disfarçado!

E o rei um servo louco para ser descoberto!

E que todo aquele que ainda não viu essas cousas não viveu plenamente!

Mas viverá não nos preocupemos!

A oportunidade virá para todos os que querem ver.

Basta ter a coragem de dar o primeiro passo de volta à pista quando a música tocar outra vez e ver o que aparentemente seriam os mesmos passos, os mesmos compassos, os mesmos parceiros e movimentos e ouvir o que aparentemente seriam os mesmos acordes, as mesmas células, os mesmos compassos, os mesmos repiques e as mesmas voltas é na verdade diferente e o mesmo ao mesmo tempo!

É perceber finalmente, ao verter suor frio escorrendo pela pele quente de tanto bailar, que o entendimento completo nunca virá porque não é nosso!

Não é de ninguém!

Até finalmente entender que sermos incompletos e viver a procura é o fogo que nos atormenta e que cura!

E que a grande arte de viver é saber dosar o quanto estamos dispostos a nos queimar até arder entre o queimar da dor e o arder da paixão.

Boas dores e ardores a todos!

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Fibrilando

ouvindo "Fever" com "The Black Keys"

https://www.youtube.com/watch?v=iZZUY32iCzU

Tambores nos ouvidos!

Tímpanos no corpo a transpirar mares de sal!

Braços, pernas, quadris, bunda, costas e cabelos serpenteiam na cama alucinadamente em uma coreografia louca e desvairada!

Na cama, a orquestra pulsa, os olhos saltam ardem, a boca derrama imprecações, palavrões e pragas!

Os desejos se confundem com os delírios na febre das febres! O riso se funde às lágrimas, o desejo da morte grita entrelaçado ao fulgor pela vida!

"Deixe-me viver! Deixe-me viver!" o riso explode da garganta pustulenta e o sangue voa pelo ar com a secreção abjeta sob a pele quente, amarelada e molhada.

Já não há mais ódio, nem amor, nem desejo, nem silêncio, nem barulho, nem dor, nem êxtase! Só a febre! Só a febre a devorar músculos, ossos, pele e pelos. tudo pulsa e pulsa absolutamente aos espasmos da dor! O sangue flui quente pelas veias e artérias com 2.500 leucócitos em disparada pelo corpo... Já não há mais nada que ameace, que tire as certezas, nada que faça temer ou encoraje, nada que a dor não tenha consumido, nada que os remédios já não tenham alienado, nada que os bolsos vazios e o olhar perdido do dono da farmácia esperando que a terrível verdade seja dita não tenham previsto.

Não há mais dor!

Nem sofrer!

Nem medo de ameaças veladas ou não veladas pela tela do celular!

Nem medo de quem não responde a pedidos de socorro, mas é sempre socorrido quando pede!

O abandono está aqui sentado ao lado da cama com os olhos perdidos no horizonte!

Seu silêncio e meio sorriso escorre fel pelos cantos da boca silenciosa, quase morta!

A febre é tudo isso! O desencanto pela vida é tudo isso! A doença é tudo isso!

A doença é o amor negado, desprezado, ignorado depois de dado ao seu máximo!

O desespero de mais uma vez ver todo o esforço e dedicação e amor se transformarem em um gigantesco nada, sozinha, outra vez, sem respostas, sem acolhida, sem carinho depois de tanto dar toma conta absolutamente! Não há mais como enganar, nem mentir pra si mesmo!

O corpo sucumbe e já não há mais nada!

Nada a não ser se entregar e rezar, para que termine logo e que a lição finalmente seja aprendida desta vez e o corpo indisciplinado aprenda o que a mente juvenil não ouve, nem escuta, nem absorve!

Não há ninguém!

Na pior das horas!

Não há ninguém!

Só você e o olhar de faca dos deuses a tremular nas ondas de calor de seu próprio corpo pagador dos seus erros em escolher errado! Escolhas erradas, oportunidades erradas, pessoas erradas, sentimentos errados, tudo errado em toda a parte!

E tudo se confirma nos olhos deles sempre! O pajé, o cacique, a maga, o cafajeste, a falsa, a oportunista e o aproveitador! Todos são faces dos Deuses! TODOS! E todos dizem o mesmo! TODOS ELES!

"Morra bem (desta vez)! Caso o contrário nem sua morte será útil!"

Bons delírios para todos!

domingo, 10 de julho de 2016

Parar de sentir?

ouvindo "Acrobat" do U2

https://www.youtube.com/watch?v=NHa1ThS9avA


Você pode interromper a minha fala.

Você pode me tachar com alguma frase feita.

Você pode se apoderar de toda a minha história e condenar-me a uma sentença com meras 4 palavras. Quatro sílabas! Cinco talvez!

Esse é o poder da fala imposta, do monólogo, do pronunciamento, da autoridade, do monopólio da voz... Forças que calaram outras vontades por milhares de anos não vão sumir assim... Claro! Juvenil da parte de quem acredita que uma coisa anula a outra porque apenas "é" ou está!

Mas e as outras forças?

As que falaram por milhares de anos antes da sua?

As que existiam por milhares de anos antes da palavra escrita? Antes da restrição do acesso à palavra escrita? Antes da restrição do acesso ao conhecimento?

Nos tempos em que a lei não era escrita, tempos em que apenas um olhar bastava. Sabia-se no coração o erro, o mal aos outros, a covardia, o uso inapropriado da força e da autoridade... Autoridade! O inverno era a autoridade! A morte era o calar! Essas eram as forças verdadeiras! Nunca foi preciso escrever sobre elas ou tomar a fala delas! Elas falavam por si mesmas e ninguém ousava ser seus interlocutores! Era desnecessário! Sem utilidade! Mais do mesmo! Já eram! Já estavam lá! Se faziam presentes naturalmente a milhares de anos! Uma simplicidade milenar já intrínseca e inata!

Tempos em que a sensibilidade governava os povos e seu viver, o sentir se fazia apenas por ouvir as vozes sagradas! A voz do vento para os barcos, das nuvens para as tempestades, a voz do sol e estrelas para o dia e a voz da lua e estrelas para a noite, a voz das estações do ano para a terra, plantar os víveres e estocar para sobreviver ao inverno! Essa era a grande batalha onde os vencedores seriam todos!

A voz da alegria das crianças, a voz da alegria das agricultoras, da alegria dos guerreiros, da alegria dos velhos, da alegria dos caçadores, da alegria das curandeiras e da alegria dos conselheiros anciãos.

Suas tristezas, suas dores, seus pesares, seus medos.

Sentir era a lei! Sentir o eco desta voz dentro de si e simplesmente saber o que era correto para todos! Desnecessário ensinar! O saber estava posto para todos! Uma memória de 17.000 mil anos antes da primeira autoridade exigir a saída da caverna... 17.000 mil na contagem da história escrita! Rs!

Essa memória também não se calou, muito pelo contrário! A cada discurso autoritário que se faz, segundos após seu término esse sentir se ergue, poderoso como uma onda logo após o terremoto, mas em resposta a tamanha afronta à vontade de todos! É um calar quente! Poderoso! Um brilho ardoroso em milhares de olhos que viram mais uma vez a tentativa de controle explícita! O pré julgar de alguém que acredita que sua vontade pode prevalecer à vontade dos outros! A imposição mata no coração de todos a vontade de seguir por aquele caminho, pois se sabe que quem tomou a palavra, tomou a razão e a razão não nasceu para ser tomada e sim conquistada por todos pois só assim o saber será humano! Um saber de todos! Sem controle de ninguém! Espontâneo como a chuva, como sempre fomos quando apenas humanos, sem bandeiras, nomes ou classificações para nossas vontades!

Sonho com a volta desse saber! Sem rótulos! Sem julgamentos! Sem rótulos para encobrir uma derrota amarga! Sem nomes para fantasiar uma vitória incipiente! Apenas o prevalecer de uma ideia de bem comum, sem título, herói ou heroína apenas um caminho para a felicidade de todos e não para a oportunidade de mais um usurpar dos sonhos dos outros e ser apenas mais um!

Acredito que vivemos assim por centenas de milhares de anos até o primeiro autoritário se achar dono do caminho e das soluções para todos os outros e acredito também que para este espírito voltaremos quando estivermos prontos!

Até lá me ataque com suas palavras rotuladas!

Aponte em mim as falhas que acreditas que vês tão bem porque também as tem!

Eu não me importo!

Autoritarismo ou não o tempo é o maior dos Deuses e a ele presto minha reverência absoluta!

Certa de que a intenção real vencerá!

E venceremos todos! Todos os que lutam por algo mais que um nome ou cinco segundos de fama em uma tela de computador ou de celular! Venceremos todos os que lutam pela verdadeira cura efetiva de todas as dores do mundo!

O amor!

Boas reflexões amorosas para todos!


sexta-feira, 1 de julho de 2016

Mais um Inverno

ouvindo "Crash Into Me" do Dave Mathews Band

https://www.youtube.com/watch?v=JU2E1lX1geY

Os dias frios voltaram. Eram algumas semanas frias verificadas nos invernos passados... Vinte e dois invernos, de acordo com a Meteorologia! Uma eternidade para quem vive com saudade desses dias, para quem já viajou para as montanhas, para quem conhece a face mais cruel dos dias mais curtos e das noites mais longas em outros países de outra natureza climática!

Não seguimos mais os rituais dos povos antigos, que viam nas estrelas a mudança do tempo chegando e estocavam víveres!

Esperamos a gripe chegar e nos queixamos do que sempre foi! Vejo olhos arregalados quando conto que já nevou no vale do rio Paraíba e em São Paulo e que os picos da serra do Itatiaia já foram nevados no início do século passado, o século XX! Sinto o ar de assombro ao falar desta frequência e intervalos, do quanto são conhecidos e esperados. Percebo que é de fato perfil das mais recentes gerações esta falta de crença de que o passado pode ensinar pela diferença e repetição do que parece novidade hoje! O encantamento de alguns ao ouvir-me narrar esses fatos e dar as fontes para comprovação é quente e o meu sorriso frio diante da incredulidade de outros me remete a um estoque de pequenas verdades que prefiro guardar para aquecer outras oportunidades!

E seguimos na contemplação da volta dos dias frios! As cores mais brilhantes com os cristais de gelo e poeira no ar frio! O pôr do sol e o nascer do sol com cores únicas! As boas lembranças de invernos passados! Tirar os velhos cobertores peludos e jaquetas forradas do armário! Escovar, pendurar no varal para arejar o mofo de tantos anos em desuso! A doce promessa da renovação no ar frio da noite!

Fazer mais chás durante o dia!

O fogão sempre com uma ou duas "bocas" acesas!

Penso nos antigos povos e suas vidas em invernos mais rigorosos, desemperrando portas cobertas de neve para ir buscar mais lenha no paiol, o celeiro para os românticos de filme estadounidense! Costumes perdidos, planejar, prever, estocar, cuidar, observar, calar, atentar!

Uma outra lógica de lidar com o tempo, perdida com as preguiças e falsos comodismos tecnológicos! A arte de se agasalhar mas não ficar atado, nem preso! Não se isolar, conseguir escrever, ler, cozinhar, assistir aula, trabalhar, namorar! Tudo isso coberto de roupas! Toda a arte de escolher alimentos e bebidas que rendam mais energia para suportar tantas demandas de empenho diferenciadas!

Isso estando em um país tropical! Que se queixa dos 15 graus centígrados, temperatura típica de primavera em países frios, com se fosse o fim do mundo! Compreensível com a falta de invernos mais pronunciados por aqui a tanto tempo! Os contrastes são gozados! Os amigos europeus vem para as férias de verão de seus países no Brasil, se hospedam em nossas casas tropicais e riem às gargalhadas de nossas queixas! Contam histórias que nos levam à exaustão só de pensar nas rotinas de seus países de origem! Sobrancelhas congeladas, a dificuldade de falar com os lábios partidos pelo frio e o esquecimento da religião do protetor labial, as golas altas, toucas e botas altas! As práticas para sair de casa! O vestir-se, as malhas certas, com tramas bem fechadas de lãs específicas que aquecem mais depressa e não as malhas "de rede de ping pong" aqui do Brasil!

Diferenças válidas, observações interessantes, aprendendo e aprendendo sempre sob o fumegar das canecas de chocolate quente sobre a mesa da cozinha!

O ritual de simplesmente conversar, durante o filme debaixo das cobertas, em volta da fogueira no jardim, na cama de conchinha antes de dormir, na mesa de jantar!

Pequenos costumes que são uma benção e podem mudar uma vida se abraçados!

Um inverno tropical pode ensinar bastante sobre a necessidade de calor a moda antiga!

Uma variação climática que te faça pensar antes de sair de casa é bem vinda em uma sociedade tecnologizada preguiçosa!

Pensar antes de agir!

Não foi isso o que nos "diferenciou" de "outras" espécies?


Boas reflexões frias com resultados calorosos para todos!





segunda-feira, 18 de abril de 2016

Jogo de Cartas Marcadas

... ouvindo "Even Star" de "O Senhor dos Anéis: As Duas Torres" trilha sonora do filme:

https://www.youtube.com/watch?v=im5CIpMFo4Q


E quando não há combate?

Nem disputa justa?

Nem verdade?

Nem honra?

E quando tudo o que você aprendeu, lutou, conquistou, acumulou, absorveu cair por terra ao som de uma frase dita na face de todos os guerreiros, entregando que a batalha não é batalha.

É só uma cortina de fumaça!

Um ardil!

Uma mentira!

Uma simulação!

Pois o vencedor já foi escolhido, o campeão já tem os despojos estampados em sua face arrogante de comprador!

Não há luta!

É só execução!

E você segue para o campo de batalha sabendo que vai perder, que vai morrer! Vai morrer amargando a derrota por um ano ou até mais! Porque não tem o cacife, não tem com o que comprar, não tem como bancar a festa e ser o vencedor! Seu nome não é anunciado no diminutivo como se fosse íntimo!

Ninguém nem se oferece para ir primeiro!

Te lançam primeiro por conta do seu nome!

Covardes!

O mundo é dos covardes e dos compradores de batalhas!

Aos Starks só resta a morte! Morte por serem honrados! Por terem suas ações antecipadas por serem honrados! E pagam com suas cabeças, seus corpos, seus amados mortos destroçados e os sobreviventes marcados para sempre em uma trilha de vingança longa, dura e aparentemente sem horizonte e sem fim! Certo Eddard Stark?

Morro em mim agora!

Mas com dignidade!

Olho para o meu algoz sem piscar e altiva enquanto ele me golpeia e golpeia e golpeia! Olho para os vendidos e fingidos com nojo e asco e me entrego em sacrifício supremo e honrado!

Porque esta é uma guerra e somos meros soldados! A morte pode vir de qualquer lugar e a qualquer momento! Certo Morpheu? Não foi diferente de qualquer outro dia!

Nós morremos! Morremos todos os que acreditamos em combate, em honra e em justiça quando a guerra era vista como guerra, mas na verdade era um jogo! Um jogo de cartas marcadas!

Boa morte a todos os honrados que olham a morte nos olhos e mesmo assim vão a combate porque são guerreiros natos e pouco importa se a vitória foi vendida a quem pagava mais! Nossas armas são parte dos nossos corpos e juntos brindaremos nossa vitória na virada da maré!

Certo Gandalf?

Que de Cinzentos mereçamos nos tornar Brancos! Todos nós!

Angovania!

terça-feira, 22 de março de 2016

Um Único Disparo

... ouvindo 60 Feet Tall, "The Dead Weather"

https://www.youtube.com/watch?v=rfenJiS5NV4


Há pequenos prazeres que podem ser aplicados como metáfora para vários momentos da vida.

Como por exemplo, o Tiro.

Sofre preconceitos terríveis essa arte - preconceitos e taxações bem típicos desta época: julgado por efeitos específicos que pode gerar; acusado de consequências de seu uso inconsequente; ojeriza dos que se dizem "pacíficos"; despertador mecânico do ódio dos que se auto proclamam "pacificadores".

Poucos sabem que o Brasil é um dos maiores campeões olímpicos de Tiro.

Menos ainda que Tiro é esporte.

E ainda menos que Tiro disciplina, traz conhecimentos de músculos e nervos que você nem imaginava que tinha e afia a precisão visual e mental, sem falar no prazer fálico incomensurável (Freud expica, digo explica...)

Contra um alvo de papel! Por favor  (((((((((((( sem surtos ou ataques por favor )))))))))))))))))) !!!

Adoro a série de cinema - porque também é coisa desta época achar que série, só de televisão - Máquina Mortífera! Tenho paixão pela relação que Roger Murtaugh (o belíssimo ator Danny Glover) e Martin Riggs (o incomparável e yammyyyyy ator Mel Gibson), tem com a arte do Tiro.

Rog faz um alongamento de pescoço que é invejável - certamente deslocaria o meu se eu tentasse - aponta sua Colt 45 clássica e acerta um tiro "na mosca" tanto no alvo de papel - treinando da delegacia de polícia - quanto em alvo móvel e cheio de fúria, contra o bandidão da vez em Máquina Mortífera 1.

Riggs faz uma festa, é uma metralhadora em forma de homem (awwwww), cospe fogo com as duas mãos portando Magnuns 45 com pentes de 12 tiros que chegam a 16 (hahahahahhhh), deitando no chão e girando feito um cilindro "and still shouting"! Ele faz dois olhinhos e um sorriso transformando o tiro "na mosca" de Rog no alvo de papel da delegacia em uma carinha muito fofinha! Sempre rio com gosto ao ver a cara do Rog! (muuuuuuuitos risos!) Mesmo que pela milionésima ducentésima setuagésima terceira vez em que vejo o filme nas madrugadas insones.

Se não viram esse filme desculpem-me pelo spoiler! O filme tem mais de 30 anos! Faça-me o favor de resolver isso!!!

Gostaria que viver fosse assim! Atirar para as Olimpíadas ou para o cinema. Várias oportunidades, várias etapas de seleção, várias classificações, campeonatos, patrocinadores, chances, tempo para treinar, refazer cenas, perder o bandidão e voltar a perder de novo e mais uma vez perder para pega-lo somente em um final eletrizante cheio de projéteis (fala "bala" para um militar que ele te mostra uma coisa pra ch*... Esquece!), voando para todo o lado, todos culminando com alguma explosão absurda que corôa o grande final "hollywoodiano" típico mas que não importa mais, as cenas anteriores já te deixaram satisfeito.

Mas não é assim.

Viver não é assim.

Há momentos na vida em que não haverá outra chance.

Você só tem um disparo!

Só tem um disparo!

Tem um disparo!

Um!

Um único disparo!

Não que vá morrer ou o bandidão vai te pegar ou só nos próximos jogos olímpicos daqui a 4 anos, mas se errar... As perdas serão muitas e consideráveis. O pagamento será alto e custará caro.

Tudo por causa desse um e único disparo!

Dá pra imaginar a tensão disso?

Não tem plano B, nem C, nem D!

Não tem pra onde correr!

Não tem segunda opção, terceira opção para assinalar na ficha de inscrição...

Nem desculpa esfarrapada ou dificuldades reais!

Pouco importa!

É um tiro só que se tem direito a disparar!

E só há um projétil na câmara!

Só uma flecha na aljava!

Só uma pedra no estilingue!

Tem data e hora marcada!

E é esperado e desejado a anos e anos e anos!

Anos que foram dedicados totalmente ao treino, anos que nem tanto, anos que o treino foi abandonado e o atirador se entregou ao desvairío do sistema sócio político econômico modístico vigente!

Anos que ganhou, anos que perdeu!

Não há tempo para agradecer, nem lamentar! Um só tiro! E acabou!

Posicionar-se, articulações harmonizadas "o retângulo perfeito" de ombros, bacia, joelhos e tornozelos.

Pulsos nem tensos nem molengas! As coisas da arte! Dobrados na flexão certa!

A cabeça pode deitar se o olho regente ou "olho de mira" é o esquerdo e dá um charme da p*!

Ou simplesmente não! Todos acham que você vai deitar a cabeça e você já atirou "porque pose é pra filme e pra ator que ganha dinheiro explorando o erotismo do seu melhor ângulo estudando por horas e horas a fio no espelho do set de filmagem, ou lá atrás na escola de arte dramática" - se fez!

Eu, particularmente, gosto do "já foi".

Já disparei, o alvo já está soltando aquela fumacinha que serpenteia faceira e todos boquiabertos.

Mas enfim, voltemos ao "retângulo perfeito". Erguer a arma! Glocs são pistolas boas para as garotas e para iniciantes e garotas inciantes (calma meninas não atirem pedras por favor)! É meramente questão técnica e não tem nada a ver com academia de ginástica (((((((( não viajaaaa! )))))!

Mas depois de algum tempo você precisa de uma peça de artilharia que exija mais.

Para mim o mundo era a minha Bereta Calibre 22 da fabricante brasileira Taurus, que ganhei de meu pai quando fiz quinze anos! Prateada tinha o cabo de madrepérola branca! Uma joia! Muito mais linda do que qualquer diamante para mim! Foi difícil me segurarem no cinema quando vi uma idêntica em outra série de cinema, Matrix Reloaded, nas mãos da absurdamente deslumbrante atriz Monica Belucci em seu papel de Perséfone! Quase tive uma síncope! Não tenho mais a minha Bereta por razões de segurança nacional. Meu pai era militar e colecionador de armas. Quando ele partiu para as Terras Imortais o Exército veio a nossa casa e a "limpa" foi geral. Acharam meu fundo falso fácil... Dam it!

Hoje meu sonho de consumo é a Magnum 500! O coice é de um puro sangue árabe! Torci o pulso esquerdo no primeiro tiro. NA ESCOLA DE TIRO! Calmaaaaaa!

De qualquer forma não tenho mais a minha linda Bereta "La Madrecita" - nome com a qual a batizei. Estou longe de ter a 500...

Estou falando de uma situação específica na vida!

Onde você só tem uma oportunidade!

Uma janela!

Uma ausência no espaço tempo!

Uma falha na cerca elétrica!

E terá que suportar tudo isso pesando em sua mente e suas costas, dificultando o "retângulo perfeito". A respiração ofegante da ansiedade e da pressão terá que diminuir a aceleração. As batidas do coração terão que se harmonizar com essa respiração. O sangue tem que "esfriar".

Mas é só um tiro!

Mas tem que esfriar!

Mas é só um tiro!

Tanto faz se é um ou mil, se não esfriar perde um, perde mil.

Muito bem.

Feche os olhos, respire como a espetacular atleta do Basquetball do Brasil, Hortência; gire o pescoço como Rog em todos os Máquina Mortífera ou reze como Jackson, personagem adorado de O Resgate do Soldado Ryan desempenhado pelo docinho de lindo e ator - ainda por cima - Barry Pepper.

Cada um tem o seu ritual com a arte.

O meu é como o próprio disparo.

Quando os olhos voltaram do seu trabalho de lubrificar o globo ocular eu já atirei.

E sorrio com a nuca! Os olhos brilham e os lábios incham! A pele pega fogo!

Deuses só tenho um projétil na câmara!

Deuses só tenho um tiro!

Deuses Órion - o maior dos arqueiros da mitologia grega; Hama - o maior dos arqueiros do Bagvarad Gita Hindu; Legolas - o elfo assassino da mira mais precisa da Terra Média de J.R.R. Tolkien; Perséfone; Riggs e Murtaugh, estejam comigo e que por todos vocês Deuses eu os honre e não erre.

Não posso errar!

Não posso errar!

Não posso errar!

Um só tiro!

Um só tiro!

Um só tiro!

FOGO!



Boas reflexões para todos!

(((((((((((  Eu só tenho uma! )))))))))))))

Lix