terça-feira, 18 de novembro de 2008

"Ai se sesse..."

"O que mata são as possibilidades...", me disse uma vez, um amigo meu. Paulistano radicado fluminense falava de sua cruzada em busca do amor impossível mais recente.


Quem não gosta de amores impossíveis não é mesmo?


Uma historinha de amor bem difícil, só para quebrar a rotina com descargas maciças de adrenalina injetadas diretamente na pelvis huh? Sexy huh?


Pois é, a primavera sofreu uns golpes frios mas o Rei Sol está aí! As árvores florescem, tudo tem mais cor, mas sabor, mais calor, tudo é possível (Isso não é nome de programa de domingo urghhhh!)!


E aí, quem tem histórias assim conhece bem esse estado viciante típico desta época do ano.


"Ai se sesse..."


Meu amado Cordel de Fogo Encantado tem a frase certa para a situação que tento descrever.


Tento descrever a vivência de uma situação bem difícil, uma história de amor que beira o impossível. Um estado de delírio que faz a respiração parar porque o peito está pregado com grampos e não consegue inflar sabe? Uma certa dor quente, típica da ansiedade absoluta nas noites de verão, que faz a vítima jurar que o coração acabou de parar! Tudo isso como resultado de fantasias que podem se transformar em artefatos para a construção de uma verdadeira bomba terrorrista emocional!


Quem é que não gosta de contar uma boa história? Quem é que não gosta de ouvir uma boa história? Tem os chatos, céticos que ficam julgando a psiquê dos outros de acordo com os clichês que fatalmente aparecem em todas as histórias de amores impossíveis, o que aliás é até divertido também, mas, convenhamos, contar a história é bem melhor não? Afinal todas tem cliches... Por isso são impossíveis!


E nada como uma história bem vivida. Com atitudes que fazem sentir a vida pulsar novamente só de contar. Pode ser algo longe do real, do possível, do considerado normal. Um exagerozinho, uma mentirinha, um toque apimentado só pra aumentar a adrenalina! Que atire a primeira pilula de alucinógeno quem não fez isso!


Adoro isso! Ir pra cama só com as possibilidades pululando nas veredas da mente! Ficar pirando a noite inteira!



Tudo bem, logo a realidade vem feito locomotiva e nos arrasa totalmente! O preço é geralmente alto e toda a euforia sucumbe à um marasmo de tédio. Feito a depressão logo após o pico. Mas o barato é poderoso e pode durar meses! Ok! Quanto maior a extensão do barato maior o baque ao retornar para a realidade das coisas. Mas na maioria das vezes e, no meu caso especificamente, sempre valeu a pena.

Meus delírios geralmente se dão em torno de amores impossíveis porque, além de toda aquelas conhecidas histórias sobre o quão gostoso é o fruto proibido; a provocação, o jogo, e as tais possibilidades tornam tudo tão apetitoso, que cada momento pode gerar uma onda de impulsos elétricos cerebrais medonha.

Bobagem querer viver assim. Mas em tempos difíceis, quando o ambiente de trabalho está massacrante, a vida em família está um fardo pesado, o espírito de pesquisa está intediado e os amigos tomaram chá de sumisso ou chá de chatice! Vai bem! Vai muito bem!

Construir situações a partir de dados reais e aí ir pirando, desenvolvendo, cultivando. Todo dia um pouquinho. Foi assim que comecei a desenvolver histórias inteiras ainda menina! Todo mundo tinha férias espetaculares pra contar no colégio. Eu inventava as minhas... Tinha o verão inteiro pra pesquisar e inventar bem ué!

Mas o legal mesmo foi quando as coisas começaram a acontecer!!!

As saídas noturnas, as viagens e as aventuras começaram a pipocar logo cedo em meu caminho. Nossa quanta coisa boa! Parecia realmente que os Deuses haviam ouvido tudo o que eu pirava a pré-adolescência inteira e me presenteavam com magníficos causos e romances deliciosamente impossíveis! Daqueles da turma toda do colégio ficar torcendo, amando, odiando... Hahahah!

Vivi com muita competência cada uma dessas histórias, fato que me faz ser muito bem resolvida com a minha acolescência me sentindo livre para retornar àquele espírito flexível, leve e inconseqüente sem nenhum medo. Não houve nenhum tipo de trauma, fui a primeira da turma, mesmo trabalhando muito, tinha grana, adorava estudar e me envolver nos projetos do colégio, tinha amigos super descolados e tava sempre enrolada com gatinhos difíceis e sacanas. Ah que delícia! Nenhum complexo! Nenhum problemão me tirava o sorriso do rosto. O vento sempre soprava a favor e tudo era muito leve e divertido! Uma raridade pelo que eu ouvia da minha turma e dos meus alunos hoje em dia.

Só teve um problema... Um pequeno grande problema...

Eu viciei!

Agora tudo tem que ser espetacular! Or die...

E faz sentido não? Quem já tinha banda de rock'n roll aos 15 anos, era roteirista e diretora das peças de teatro do colégio e tava sempre enrolada com algum dos cafajestes mais desejados do colégio, além de usar sempre roupas super "transadas"... Ía virar o quê hein? Hein? Hein? Junkie! Viciada! Pirada! Sempre aumentando as coisas e desenvolvendo estados de delírio pessoais de quase infartar! De ter que fazer caminhadas pelo parque ouvindo pauleira no mp3 pra conseguir botar pra fora tanta energia! Mas que diabos!

Aí vem a realidade no pique da Roda da Fortuna e dá aquela pancada que derruba e deixa sem sentidos por alguns dias, transforma tudo em tristeza e tédio. Faz todo o culto à flexibilidade da adolescência parecer bobagem. A maturidade despenca feito uma bigorna na cabeça e os amigos chatos vêm com as frases feitas! Todas começando com a famosa inicial...: "Não te falei...".

Mas não importa... Alguns dias passam, nem uma fase da Lua inteira na verdade, e já é possível desperta no meio da noite, arfando de suor com o calor do verão e da mente, com alguma coisa que escapou nas exaustivas análises do porquê o mundo caiu. E a mente e o corpo gritam juntos em uníssono...

"Ai se sesse!"

Muito bom!