domingo, 18 de janeiro de 2009

Manhã Cinzenta de Verão

No ano regido pelo Sol.
Na estação de seu maior explendor.
A Fúria da Deusa se faz entre nós na forma da mais implacável das chuvas, na primeira noite de Lua Cheia do ano.

O rio sobe furioso e arrasta a tudo e a todos.
Lava as antigas ruas de pedra com lama, árvores, casas e pessoas arrancadas.

E leva consigo toda a alegria que a estação prometia.

Quando finalmente chega a alvorada após a madrugada voraz, o céu amanhece cinza e o ar cheira a argila. Um véu ocre está sobre a cidade mais linda que já conheci.

Um véu de tristeza que pode ser contemplado na face dos que sobreviveram àquela noite terrível e embalado por suas vozes embargadas ao contar suas histórias.

Impossível continuar ali em meio a tanta dor e secura com a volta implacável da luz sobre o cinza da manhã.
A cidade nos expulsou sob forte domínio do Rei Sol.
As colunas de poeira das ruas ao passarmos, nos mostram que o Astro Rei sempre volta a brilhar, não importa quanto tempo demore.
Mas a fúria da Grande Mãe, que pode levar minutos na forma de uma terrível tromba d'água, deixa marcas que nem o calor dourado do dia mais quente do ano pode apagar.

Te desejo cura, minha linda Parati.

Que a mão furiosa da Deusa que te cobriu de lama e água, seja a mesma que te puxará deste pantano de tristeza e te trará a tona, para respirar e ser bela outra vez.

Amo-te minha cidade favorita.
Em tuas ruas de pedra deixei mais um pedaço do meu coração, que de tantos lugares te escolheu como favorita do verão e rezo todas as noites pela tua recuperação e da gente linda que contigo está.

Até breve minha querida.
Bençãos do Rei Sol e da Mãe Lua para ti! Parati!

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