terça-feira, 14 de abril de 2015

Rebolando pela urbes

. . . ouvindo "Tranispotting" do Primal Scream


http://grooveshark.com/#!/search?q=Trainspotting%20Primal%20Scream


Outro outono vai caindo sob o hemisfério sul do meu corpo.

Outra lua míngua no alto da minha cabeça.

Entre o êxtase e a insanidade vou seguindo pelas calçadas sujas da urbes. . .

Balançando os braços e os quadris largados pelo ar.

Penando por mais um amor me deixa.

Celebrando por mais outro que chega.

Ambos no mesmo balanço largado que deixo escapar pelas ruas da cidade cinzenta na alvorada fria de mais um dia de semana comum.

Em cada esquina um olhar de soslaio.

Um trombadinha, um morador de rua, um michê, uma pereira.

Sigo pela madrugada dia acima.

Não há nada certo a não ser a dor.

E todo dia ela vem.

Algumas vezes na forma da frase do poeta que morreu, martelando mente e coração com lembranças de quem não volta mais.

Em outras na pergunta que não tem resposta.

Algumas vezes na pergunta mal feita.

Em muitas na resposta errada.

Indiferente ao fracasso e/ou ao sucesso de cada fração de segundo que é este bombardeio de coisas que chamam de um momento entre capítulos da vida, sigo pela rua acima.

Sigo da madrugada para mais um dia.

Com seu nome nos lábios e outro nos desejos.

Como um doente que delira pelo vício antigo, mas as drogas medicinais do destino já o carregam para outro sem que ele perceba.

O balanço do meu corpo pela rua é a divisão entre o vazio do amor antigo, perdido e o cheio do amor novo, achado transbordando de volúpia.

O vazio da rotina e o cheio da vontade de estourar tudo de novo e soltar a loucura assassina de sonhos outra vez.

Rebolo mais.

Balanço mais os braços.

Largo mais o corpo.

Quer pegar pois tente!

Quer atirar atire!

Quer derrubar derrube!

Mas - como eu já disse em outros outonos:

"Tenha certeza de que eu vou cair e não vou me levantar mais!"

"Porque se eu me levantar!"

"Eu te mato!"

Assombração que de novo está na minha vida!

Eu juro que te mato!

Mato e saio balançando os quadris e os braços pela rua!

Como se nada!

Como se a sua morte fosse absolutamente nada!

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