domingo, 30 de novembro de 2014

"A Silenciosa Lucidez!"

... ouvindo Silent Lucidity, música da Banda Queensryche ...

http://grooveshark.com/#!/s/Silent+Lucidity/598Pkt?src=5

Sempre tive este texto no horizonte de minha mente.

A mais de vinte anos, quando esta música maravilhosa e ao mesmo terrível foi lançada.

E como toda a música tem esse poder extraordinário.

Ela moveu os fundamentos rochosos do meu ser.

Demoveu minha mente.

Arrebatou meus sentimentos.

Fundiu meu coração.

Desfaleceu meu corpo.

E me arrancou o chão dos pés e todas as certezas da minha alma vagante por este mundo do vil metal e seus escravos e bestas acorrentadas . . .

E me senti como Odisseu em A Odisséia de Homero...

Quando ele perde tudo, seu navio, seus queridos imediatos, sua amada embarcação, a chance de voltar para os braços de sua amada Penélope, ver seu filho Telêmaco, ver sua amada Ítaca! Tudo! Ele perde absolutamente tudo.

Até ficar a deriva em um pedaço da amurada de seu navio, arremessado às alturas e depois jogado às profundezas das águas do reino de Poseidon, gritando:

" DEUSES O QUE MAIS VOCÊS QUEREM DE MIM?! "

E esta é a grande jornada da vida daqueles que não vieram a este mundo para vencer com mais facilidade, viver com conforto, conseguir conquistas com algum esforço ou pouco esforço - por vezes nenhum esforço até.

Esta é a grande jornada daqueles que vieram da simplicidade, da rusticidade, da educação dada a forceps por um Pai aqui da Terra que tinha três empregos para pagar a outra metade da bolsa de estudos que conseguiu pra sua filha em um colégio "puxado".

A doçura recebida de uma Mãe aqui da Terra cuja a vida foi cuidar de uma casa coberta, graxa, restos de solda, armas e souvenirs militares com carinho e dedicação, amar as filhas, colocar-lhes meias nos pés gelados na madrugada, fazer seus lanches e levá-las pela neblina para a escola.

Todo este amor e esforço de duas criaturas que os Deuses me abençoaram como Pais aqui na Terra e que me fizeram tudo o que sou! Uma sofredora, uma lutadora, uma guerreira que às vezes vence mas que logo cai e rola pelo lodo do alçapão do fundo do posso por alguns anos.

Que sofre as mordidas mortíferas de Sila.

Que gira no rodamoinho e é mais uma vez devorada lentamente por Caríbidis.

Que perde seus amores, seus amigos e tudo o que é lhe é mais caro no mundo e vaga na praia dos náufragos que tem que ir a pique muitas e muitas vezes antes de merecer algum pedacinho de felicidade.

E "tropeçando nas próprias pernas" segue em frente mais uma vez gritando:

" DEUSES O QUE MAIS VOCÊS QUEREM DE MIM? "

" O QUE MAIS VÃO TIRAR DE MIM? "

" QUEM MAIS VAI ME ATACAR POR AINDA CONSEGUIR SE SENTIR INCOMODADO (A) COM A MINHA MERA EXISTÊNCIA! "

Eu que não sou ninguém!

Que não tenho casa...

Não tenho carro...

Não tenho emprego...

Vivo de umas poucas sobras de um espólio de guerra que quase me custou a sanidade e a vida em outra maldita Guerra de Tróia vencida a duras penas...

" O QUE MAIS DEUSES? O QUE MAIS? "

(...)

Gostaria que me fosse dada a mesma resposta que Odisseu recebeu de Poseidon:

" QUE VOCÊ ACEITE QUE OS HOMENS NÃO SÃO MAIS PODEROSOS QUE OS DEUSES! "

Mas jamais pensei nisto uma vez sequer! Desde quando me lembro de ter ouvido a primeira história "mitológica" da minha vida. A história dos Deuses Órion e Diana, sempre tive os Deuses como inatingíveis e acima de tudo e todos!

Hoje, mais instruída, seguidora de uma religião séria e crente em verdades de mil faces. Posso dizer que não há verdade maior para mim do que uma inteligência muito mais ampla, de dimensões muito mais complexas do que sequer possamos imaginar com nossas reles concepções humanas; gere o Universo.

E tem meu corpo, mente e coração a muito tempo.

Para mim essa inteligência selecionou essas duas extraordinárias almas: Oscar e Amélia, para meus pais. Escolheu a minha amada irmã Sarita, a terrível voz da verdade nua e crua da realidade e da razão pura sempre me atirando a real na minha cara. Trouxe minha doce irmã Daniela e todo o seu carma esplendoroso de altista, epilética e portadora de disritmia cerebral.

Todos para me ensinar que não sou nada! Nada diante dos Deuses! A quem me curvo e aguardo que peçam às Moiras que encerrem mais um giro de mais uma Roda da Vida. A Esmagadora! Aquela que me estraçalhou por vários invernos. Espero que as Moiras ouçam e por doçura atendam e finalmente me tirem da condição de estar debaixo dela para que eu possa finalmente respirar e quem sabe... Voltar a subir...

Bons giros da Grande Roda da Vida a todos!

Lix

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